segunda-feira, 3 de novembro de 2008

PENSAR NÃO DÓI


Ainda bem que pensar não dói... Mas que eu estou com vontade de, feito a gente de que fala Simon Bolívar, de “arar o mar”, tô, afinal, por esses dias devo receber visitas importantes , que vai me deixar feliz e preciso arrumar a casa,varrer a areia e como já disse: “arar o mar”.


Enquanto as visitas não chegam, penso. Penso aqui nesta minha vidinha boa, não me importando se o santo venerado seja o padrinho padre Cícero do Juazeiro ou Nossa Senhora Aparecida. É tutto cosa nostra. Pouco me importando, também, se o que nos é servido seja leite ou café, será frio do mesmo jeito! Como disse, estava aqui pensando e quando penso dá um “reboliço” na minha cabeça...


Alguém dúvida que este mundo foi sempre um vale de lágrimas? Eu acho que sim, ora nem o Filho do Criador escapou quando pôs os pés por aqui ! Fico imaginando também nos grandes pensadores que viveram no século passado, tendo a Europa como berço e que foram testemunhas sensíveis das tragédias da época, levando-os a descrer, muitos deles, que este planeta fosse sustentado pelas mãos de um Deus inteligente e benévolo e outros tantos, diante do problema do mal, erguiam “uma interrogação muda às estrelas indiferentes, a indagarem por quanto tempo, ó Deus, e por quê?


Seria calamidade universal a vigança de um Deus justo contra uma Idade da Razão e da descrença? Seria um chamado ao intelectopenitente para que se curvasse diante das antigas virtudes da fé, esperança e caridade? Nisso acreditavam Schlegel, Novalis, Chateubriand, Musset, Southey, Wordswort e Gogol; e eles voltaram-se para a velha fé tal como filhos pródigos contentes de regressarem ao lar.


Mas outros tinham uma resposta mais dura: a de que o caos não era senão o reflexo do caos do Universo; que não havia afinal ordem divina nem nenhuma esperança celestial; que Deus, se é que existia, estava cego e que o Mal proliferava na face da Terra. A este último grupo pertenciam Byron, Heiine, Lermontof, Leopardi e Schopenhauer” ( A Filosofia de Schopenhauer).


De minha parte, embora reconhecendo a continuidade da degradação terrestre, não custa nada ter um pouco de fé e esperança em Deus, já que não faz mal a ninguém e que apesar dos pesares, prevaleça em todos nós uma “visão consoladora de uma vida mais ampla, em cuja beleza e justiça final esses males horrorosos que nos assaltam se dissipem.”

3 comentários:

Evelyne Furtado. disse...

Zélia, pensar não dói e pensar com você expande nossas mentes. Isso a distingue. Uma pensadora que nos leva junto em seus textos bem escritos e acessíveis.Não vejo Deus nos mal. Aceito o mistério e nutro a esperança que ainda existe em mim de que o mal se dissipe.
Bravo, Zelinha!
Beijos e parabéns!

Anônimo disse...

D. Zélia, àsvezes pensar dói, ou faz doer, sei lá!! Uma coisa que sei é que é muito bom ler e aprender com você e que, apesar de tudo e de todos eu AINDA acredito em Deus. Boa noite! Ângela R Gurgel.

Anônimo disse...

Zelia! Lindo teu texto, como sempre! Pensar pode doer quando não queremos aceitar aquilo que conseguimos detectar pensando... Um beijo,Chica