segunda-feira, 30 de julho de 2007

PARECE QUE FOI ONTEM...






Parece que foi ontem que o hoje velho Chico inventou a cantiga onde tem um verso que diz: “o tempo roda num instante”. Na época eu era jovem e nem me toquei. Aí, dia desses, um olho meu, que não lembro se foi o esquerdo ou o direito piscou diferente, corri para o espelho... Confesso que não gostei do que vi refletido nele: um rosto envelhecido com um olho vermelho. Foi então, que caiu a ficha e eu me dei conta que de fato, o tempo realmente passa depressa .


E cá estou, consciente desta minha nova etapa de vida, caminhando a passos largos para me tornar igual ao meu avô Bernardino, única velhice que convivi e a quem um dia perguntei o que era ser velho. Foi-me respondido o seguinte: “Logo , logo saberás, por enquanto, junta-te aos da tua idade, pules corda e brinques de boneca. Um dia, num abrir e fechar de olhos, vais perceber que estás tão velha quanto eu”.


O avô Bernardino já morreu faz séculos. Fico imaginando o que ele teria para me dizer hoje... Por certo, com a sua mania de latim mandaria eu procurar a minha nova turma, recitando Cícero: pares cum paribus congregantur ( os que são iguais muito facilmente se unem com os iguais a si ).


É o que vou fazer, procurar uma nova turma, que não pula corda nem brinca de boneca, vamos discutir juntos a miséria de uma aposentadoria que em breve levará nós, os bons velhinhos, a nos tornar iguais nas agruras de uma velhice mal vivida. Unidos lamentaremos na fila do INSS, a extorsão dos planos de saúde, que não nos permitem acesso; do custo das nossas pílulas receitadas para pressão alta, coração, mal de parkinson, diabetes, arteriosclerose, osteoporose, soluços etc. etc.


E não adianta reclamar pro bispo, nos tornamos um bando de velhos vagabundos e improdutivos , o melhor à fazer é procurar a cadeira de balanço, cerrar os nossos olhos míopes, mandar às favas os problemas existenciais. E lembrem-se: de boca fechada para não exibir a banguela . Quietos para não incomodar as autoridades. Cada um no seu lugar, os abrigos, esqueçam, só vivem em crise financeira.


Contudo, ainda podemos nos dar ao luxo de pensar, é de graça, não custa nada. Pensemos como o escritor irlandês James Joyce, que não estava nem aí para as escaramuças de sua época, só se importava com o mundo interior, independente de situações políticas ou econômicas. Acreditava que a estupidez humana, a fragilidade da vida e das criaturas não mudam com a simples alteração de uma situação externa.

Confesso que, se as minhas pernas ainda me obedecessem, subiria no telhado e lá, deitada feito Snoopy diria: “Cansei
de me preocupar com o mundo... Agora o mundo que se preocupe comigo”.

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quinta-feira, 26 de julho de 2007

SE
















Até que hoje amanheci contente, tentei assoviar ó pátria amada idolatrada salve salve e quis saber quem pôs o nome de azul na cor azul, apesar do dia ser sexta-feira e o meu lado doméstico ver-se sobrecarregado de um sem número de tarefas. Mas, enquanto emprego a força física nas ditas benditas tarefas, meu lado intelectual reclama espaço, e o “ meu primeiro movimento é logo tal comichão de falar que não posso deixar de desembuchar o que me vem à boca”. (obrigada Cervntes)


Então, paro. Se parada eu penso. SE.. Desta partícula eu gosto, podemos condicionar à ela uma infinidade de coisas, senão vejamos:


SE os homens usasse a razão para se governar não seria como a cigarra de compridas pernas que salta e esvoaça nas ervas cantando a sua velha canção. E nem sempre ficando pelas ervas. Mas sempre dando com o nariz em todos os montes de estrumes.


SE tudo corre perfeitamente mal, como sempre, aqui na terra e nós mortais penamos nos nossos dias de miséria, não seria hora do Senhor querer conhecer como andam as coisas cá em baixo?


SE todo homem que caminha pode perder-se, como sustentar que um homem de bem, na confusa tendência da sua razão sabe distinguir e seguir a via estreita da verdade?


SE o que está passado e o puro nada são a mesma coisa, que quer então de nós essa eterna criação, se tudo o que foi criado vai abismar-se no nada? Está passado!


SE a força do espírito e da palavra me revelasse os segredos que ignoro, se eu não fosse obrigada a dizer tristemente que não sei; se, finalmente, eu pudesse conhecer tudo o que o mundo esconde em si mesmo e, sem mais me prender a palavras inúteis, ver o que a natureza contém de secreta energia e de eternas sementes.


Agora, SE eu soubesse de quem são tantos“SES” e aonde os li para lhes conferir os devidos créditos seria bem mais honesto de minha parte.


Para o banheiro, mulher! Está ele a carecer de uma boa lavada! ... Dos filhos desse solo és mãe gentil pátria amada BRASIL SIL, SIL, SIL.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

ESPERANÇA








Não brinque não, até em se tratando da salvação da alma nem que seja um resquício de esperança dentro de nós faz bem. Tenho cisma com o que acontece depois que a “indesejada” vem e nos leva - para onde eu não sei - Quando a curiosidade fica mais aguçada sobre o assunto, geralmente por conta de pecadilhos, procuro ler algum tratado teológico. Foi o que fiz ontem à noite, me peguei com as Confissões de Santo Agostinho e assim adormeci. Hoje acordei em estado de graça beirando o onirismo; esta infiel pecadora encheu-se de esperança após comparar o seus pecados com os de Agostinho e chegar à conclusão que terá salvação. Explico o porquê:


Antes de se tornar padre, bispo, e santo, Agostinho era rebelde todo, para que o leitor tenha idéia, se no ano de 354 lá na cidade de Numídia, atual Argélia tivesse FEBEM, era lá que ele teria passado boa parte de sua infância, isto porque era chegado a furtos, e segundo as próprias palavras, fazia, não premido pela necessidade, mas por desprezo à justiça e excesso de maldade. Na juventude acreditava que amar e ser amado era coisa deliciosa, tanto mais quanto podia também possuir o corpo da pessoa amada. Durante três anos uniu-se a uma mulher em concubinato e dessa união nasceu o único filho de nome Deodato. Ainda na juventude abandonou o cristianismo que a família professava e adotou o maniqueísmo (tendência a dividir o mundo entre o bem e o mal). Essa doutrina na época era pregada por Mani, profeta persa, continha um misto de Evangelho, ocultismo e astrologia, era cômoda de praticá-la: o homem não era culpado por seus pecados, pois já trazia o mal dentro de si. Quando abandonou o maniqueísmo após doze anos de prática, mergulhou no ceticismo. Finalmente, descobre as palavras do apóstolo Paulo e torna-se seguidor de Jesus Cristo aos 32 anos. Daí por diante, até a morte aos 76 anos de idade como bispo de Hipona, foi só santidade. Em 534, o papa João II declarou que a Igreja de Roma segue e conserva as doutrinas de Agostinho, que ficou conhecido também, como o pai da Igreja latina.


Como vê caro leitor, cara leitora, para sairmos do “mau” caminho, nada melhor do que a leitura, vez por outra, das epístolas do apóstolo Paulo. O exemplo de Agostinho está dado.


Ainda bem que em matéria de salvação o cristianismo não discrimina as mulheres, o céu é para todos; já para os muçulmanos não é bem assim. Para os homens o céu é um verdadeiro superoásis, nele os bem-aventurados que seguiram os preceitos do Senhor encontrarão rios de leite, mel e vinho, além de multidões de virgens com olhos negros de gazela.Quanto às mulheres, a posição inferior que ocupavam aqui na terra será perpetuada no céu. Não é chocante? Mas como se há de duvidar, são palavras de Maomé.












sexta-feira, 20 de julho de 2007

TEM TUDO A VER


















Tempo faz e eu nem me lembro quando, li um artigo de jornal onde o articulista enfatizava a necessidade de melhorar a distribuição de nossa riqueza, “antes que os rios subterrâneos juntem-se numa corrente caudalosa que nos leve a alguma foz desconhecida”.


A propósito de distribuição de riqueza equânime, também disse certa vez o filósofo Francis Bacon, que a melhor receita para evitar as revoluções (corrente caudalosa?) é a distribuição equitativa das riquezas, pois o “dinheiro é como adubo, para nada serve, a menos que seja espalhado”. E olhe que o filósofo não pregava o socialismo nem tampouco a democracia; não tinha confiança no povo, considerava que a adulação mais baixa é a adulação do populacho e deu razão a Focion quando ao ser aplaudido pela multidão perguntou o que havia feito de errado;


O filósofo Francis Bacon, nascido no ano de l561, viveu na Inglaterra e teve a sua glória no período de Elizabeth, onde as “virtudes”exigidas na corte da rainha foram descritas em versos cômicos por Roger Ascham, da seguinte maneira: “ Trapaceie, minta, adule e cultive a hipocrisia, / Quatro requesitos necessários para na Corte favores obter / Caso não queira sujeitar-se a dessa forma agir, / Boa viagem, meu amigo, feliz regresso ao lar!”.


Tendo sido feito Barão Verulam de Verulam e Visconde St. Albanis, Bacon, que, como disse acima, conheceu a glória no reinado de Elizabeth e sobre ele foi dito que os seus ensaios são como uma comida substancial que digerida em pequenas porções constituem o melhor alimento espiritual da língua inglesa, teve o seu declínio no reinado de James I, isto por conta de desvio de conduta. Exercendo por três anos o cargo de Ministro da Justiça da Inglaterra, para nos fins de seus dias assumir o cargo de juiz. Investido de tal cargo e com forte tendência “ a fazer despesas, adiantando-se aos percebimentos a que fazia jus, não lhe permitia o luxo de ter escrúpulos”; não fugia ao costume de sua época, (1621) isto é, aceitava, como os demais, “presentes” de pessoas cujos casos estivessem sendo julgados em seus tribunais. Até que um dia, um litigante acusou-o de receber dinheiro para rápida solução de um caso. O Parlamento achou culpa no ato de Bacon e pressionou o rei James, que o enviou preso para a Torre de Londres . Contudo, a pesada multa que lhe foi imposta foi perdoada pelo Rei. A respeito de seu julgamento disse o filosófo: “ Fui o juiz mais justo que houve nesses cinqüenta anos; mas foi o julgamento mais justo que houve na Inglaterra..


Morreu pobre e na obscuridade o grande Bacon. Deixou escrito no seu testamento estas palavras: “ Lego minha alma a Deus... Meu corpo para ser enterrado obscuramente. Meu nome, às gerações vindouras e às nações estrangeiras”.


As gerações e as nações o aceitaram, prova disso é que eu aqui, em pleno século XXI falando sobre ele.

terça-feira, 17 de julho de 2007

TANTOS RELATOS. TANTAS PERGUNTAS










Faz parte do romance “To Have and Have Not” de Ernest Hemingway o personagem Eddy, velho marinheiro bêbado, que costumava perguntar a todos que encontrava pela primeira vez o seguinte: “Wouldn’t ever bit by a dead bee?” (Já foi mordido por uma abelha morta?).


Se por conta de um mar revolto o navio do marinheiro Eddy batesse com os costados em uma de nossas praias e os nativos, tendo à frente o seu honorável chefe-operário - o que não deu certo – fossem ao encontro da tripulação, para lhe dar as boas vindas e como é de praxe, trocarem presentes: eles com os seus apitos, colares e espelhos e os da terra com o seu ouro, suas pedras preciosas, suas especiarias, sua água, seus micos-leões-dourados, suas araras coloridas, seu cupuaçu , sua castanha-do-pará, umas casquinhas de árvores e folhas de plantas medicinais etc. etc. Tudo bem aceito e festejado.


No meio da festança, eis que surge a figura bêbada do marinheiro Eddy, abraçada a duas belas e seminuas morenas. Cessado o som dos atabaques e diante de tanta gente nunca vista exibindo os seus pés descalços, começou o velho Eddy, com sotaque carregado, a sua inquirição. Com o dedo trêmulo apontou: você, você e você já foi mordido por uma abelha morta? Acrescente-se que a pergunta também foi dirigida ao chefe-operário – o que não deu certo -


Explico a metáfora: tem a ver com a condição de pobreza. Quem é pobre e vive descalço expõe-se a pisar em abelhas mortas de quem o ferrão continua ativo.


A tempestade passou, todos a bordo, o navio começa a zarpar. Havia acenos de ambos os lados, foi quando o comandante do navio fez um aviãozinho de papel e lançou na direção do chefe-operário – o que não deu certo - Ao desdobrar o aviãozinho, este constatou que estava escrito nele um poema de Bertold Brecht sob o título: “Perguntas de um operário que lê”, que diz:


Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros constam os nomes dos reis
Os reis arrastaram os blocos de pedra?
E a Babilônia tantas vezes destruída?
Quem ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os levantou?
Sobre quem triunfaram os césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácio?
Para seus habitantes?
Mesmo na legendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu,
Os que se afogavam gritavam pelos seus escravos
O jovem Alexandre conquistou a Índia
Ele sozinho?
César bateu os gauleses.
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo?
Felipe de Espanha chorou quando a sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu, além dele?
Uma vitória em cada página.
Quem cozinhava os banquetes da vitória?
Um grande homem a cada dez anos.
Quem pagava suas despesas?
Tantos relatos.
Tantas perguntas.


Eu li o poema do Bertold, mas será que o chefe-operário - o que não deu certo – leu? Tenho cá as minhas dúvidas... Os companheiros continuam descalços, ferrados pelas abelhas mortas e tão carentes de ações...








quinta-feira, 12 de julho de 2007

MAGOEI













Faço beicinho e digo: magoei. E não é só por conta dos escândalos políticos que estão fazendo a esta distinta e ética senhora, filha de pais alfabetizados, dormir de olhos abertos para não perder o próximo. Move-me outras razões e cá explico:


Embora nada tenha herdado do el-rei Dom João V, mas cuja renda – em que pese dividi-la com as três esferas governamentais, pagando impostos, taxas, emolumentos, obrigações sociais, acrescidos do plano de saúde, juros do cheque especial e condomínio do “Morada da Paz”- bastava para viver até a vinda do Apocalipse, vejo-me agora na iminência de, na condição de sem-aumento, passar da opulência à abastança; da abastança à mediania; da mediania à pobreza; da pobreza à miséria. Por quê? Ora por quê! Os amanuenses dos três poderes não levam em consideração os aumentozinhos aqui, outro acolá, coisas tais como sazonalidade, entresafra, defasagem, reajuste de tarifas etc. etc. que em nada oneram, afirmam, os bolsos de quem só retira e nada repõe.


Se pelo menos eu tivesse a certeza de que o meu rico dinheirinho estava escorrendo para o ralo dos sem-saúde, sem-terra, sem-teto, sem-educação, sem-emprego, sem-estrada e os com-fome, até que eu nem chiava. Afinal, diz o senhor bispo,que temos de repartir o pão. Mas – e sempre tem um MAS para atrapalhar – parece que o nosso money não só escorre para os pts da vida como serve, também, para comprar votos de deputados e senadores despudorados, sem ética e sem decoro.


Fazer o quê? Se o grito geral é de que está todo mundo louco. O destino pois, é Itaguaí, mas precisamente à “Casa Verde”. Deixemos nas mãos do doutor Simão Bacamarte a decisão de ordenar o vigário Lopes tocar a matraca anunciando que é preciso mais do que arruaças e clamores para tornar desacreditada a “Casa Verde”. Enquanto isto o barbeiro Canjica anda a deitar falação sem que dele seja exigido o devido cuidado com a ordem , aventando as suas idéias na rua tentando dar corpo e alma a uma suposta rebelião das elites ( que por ora é apenas um turbilhão de átomos dispersos).


No mais, para quem leu “ O Alienista” de Machado de Assis, sabe que estou me valendo dele para entrar na moda e jogar as minhas “metáforas”.


domingo, 8 de julho de 2007

O POBRE DIABO
O problema existia. Diante dele, infeliz, limitado, calado e impotente um pobre diabo.

Que mundo é esse, que tempo é esse, que sentimento estranho é esse que sufoca o pobre diabo?

Amor.

Amor?

Então, por que infeliz, limitado, calado e impotente o pobre diabo?

Amor pra dá, sem reciprocidade, sem esperança, sem amanhã. Amor de outono. Amor que chegou tarde.

Pobre e ingênuo diabo, TU não existes, tua visão do mundo enquadra-se na observação singela de "quem muito RI é feliz e quem muito chora é infeliz".

Este mundo, este tempo, essa gente, essas idéias preconcebidas marginalizaram o sentimento amor. Hoje ele se choca com a dura realidade da vida.Com tristeza te digo: tornaram-se piegas as histórias de amor

Mas o pobre diabo AMA, se consome, se anula. Ama o impossível e recua vencido diante da covardia e do fogo do inferno.

Prefere a consumição própria do que infringir os mandamentos

O que é o amor na tua concepção, pobre diabo? Felicidade.

Felicidade? Digo o que já foi dito: "Não é felicidade coisa fácil; mui difícil de encontrar-se em nós, impossível é de achar-se alhures."

Pobre diabo, tua estória não dá história, perfeição e amor são temas superados.

É... Só resta dizer: TU és tão bonzinho meu belo e pobre diabo. .

quinta-feira, 5 de julho de 2007

DO ATO DE TRAIR - SEGUNDO MAQUIAVEL



Pelos idos de 1516, diretamente da bucólica Florença, depois de muito lucubrar sobre o comportamento humano, e, no afã de agradar ao Magnífico Lorenzo de Médicis, príncipe da hora, Maquiavel, considerado o fundador do pensamento político moderno, enviou a Sua Magnificência a obra intitulada “O Príncipe”, (antes, 1513, ele já tinha agradado com a mesma obra Giuliano de Médici, tio de Lorenzo) onde ele deita uma série de “conselhos”, que extrapolaram o seu tempo e que até hoje servem de parâmetro para o comportamento de grande parte da classe política vigente.


No capítulo XVIII, do livro acima referido, que trata de como os príncipes devem honrar a sua palavra, entre tantas passagens interessantes, tem uma que diz, que é louvável respeitar a palavra dada sem astúcias nem embustes. Contudo, é perfeitamente aceitável que não se dê muita importância à fé dada e que pela manha se pode cativar o espírito dos homens e, no fim ultrapassar aqueles que se baseiam na lealdade.


Ensina também, Maquiavel, que o príncipe deve saber utilizar bem a natureza animal, convém que escolha a raposa e o leão: como o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender dos lobos, é necessário ser raposa para conhecer as armadilhas , e leão para meter medo aos lobos. Por conseguinte, o senhor sensato não pode respeitar a palavra dada se essa observância o prejudique e se as causas que o levaram a fazer promessas deixaram de existir. Principalmente, quando sabemos que “os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar”.


Maquiavel ensina ainda, que se deve ter ânimo para agir conforme os ventos da sorte e a mutabilidade das coisas que lhe ordenem; não se afastar do bem, se puder, mas enveredar pelo mal, se for necessário.


Isto posto, convenhamos que os ventos da sorte empurre um cidadão, e o eleja deputado federal ou senador e que lhes coubessem, além das benesses principescas , um salário que de forma direta e indireta, o contempla com 1O0 mil reais mensais (fonte de informação da cifra do jornalista Villas -Bôas Corrêa), o que poderíamos esperar nós, simples escadas, diante dos nossos interesses, quando a mutabilidade das coisas ordenam se afastar do bem para enveredar pelo mal e por ordem do príncipe da hora ( que os mantém sob rédeas curtas) e conveniência dos que obedecem, as promessas feitas se tornem em vão e reduzidas a nada pela infidelidade dos que as fizeram.


O que é pior: coçar e trair é só começar. No mais, é assistir impassivo, a reencarnarão de Campos Sales, aquele presidente que conseguiu sanear as finanças do país, em contrapartida afetou negativamente a indústria e o comércio e dificultou terrivelmente a vida das camadas pobres e da classe média brasileira.


E qualquer semelhança é mera coincidência, esclareço que Campos Sales sentia-se na condição de um magistrado supremo e alheio às contendas partidárias. No entanto, no seu governo foi instituída a política dos Estados, que consistia numa troca mútua de favores entre os governantes estaduais e o governo federal. Com essa política Campos Sales buscava o apoio dos governantes e congressistas à execução de sua política financeira.


Diante do enunciado governamental, jactando-se do positivismo das medidas até agora adotadas, deixo no ar a pergunta, que, aliás, não é minha, mas foi feita por Mário Sérgio Conti ao então governo Sarney e que merece ser repetida: “Se o governo é austero e o país é rico, por que a sociedade está se desagregando?” Concorda comigo, caro leitor?



terça-feira, 3 de julho de 2007

COISAS DESTE MUNDO





Acredite, eu li: cidadã carioca – sem antecedentes criminais – foi surrada por um segurança de um supermercado para em seguida ser presa e processada nos rigores da lei. O motivo: foi flagrada tentando levar - sem pagar - uma lata de leite. Com a cidadã meliante, uma criança de colo que choramingava de fome.




Coisas deste mundo. “Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria solução” (Drumond).


Sobre o caso da cidadã carioca fico imaginando em quais faces subiriam rubores se, com a cobertura da TV Globo, surgisse na porta da cadeia onde a indigitada mulher estivesse trancafiada, a figura do padre Antônio Vieira e proferisse um sermão desta natureza: “ (...) O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam de que eu falo, são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera; os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo procedimento distingue muito bem São Basílio Magno. Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o Governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força roubam e despojam povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.”.
Em se tratando de Brasil, haja ladrões para todos os gostos e ocasiões. No encalço lá se vão os jovens procuradores; a policia federal (com os seus tropeços); o TCU , os TCEs, a OGU e para deleite da “sociedade global”, estão ai, ao vivo e em cores os Conselhos de Ética, exibindo em capítulos floreados com verdades e ilações , tentando enquadrar os supostos transgressores , mas os que tentam, para desespero dos prós e dos contra, lamentavelmente, são ricos em teorias mas pobres em provas. E, em assim sendo, no quartel de Abrantes tudo continuará como dantes. Afinal, por quem e para quem foram feitos as leis e os xilindrós? E não me venha falar das centenas de prisões efetuadas pela Polícia Federal. O Supremo está aí mesmo para socorrer os "injustiçados", premiando-os com o beneplácito de um "Que tenhas o corpo" -Como disigna uma das disposições da Magna Carta imposta a João Sem Terra, depois de sua volta à Inglaterra

















segunda-feira, 2 de julho de 2007

CAMINHO PERIGOSO







Ou muito me engano, a gente está entrando por um caminho perigoso. Já estamos desconhecendo a tão conhecida e peremptória máxima: “decisão da Justiça não se discute, CUMPRE-SE”. Pelo que se proclama, nos botequins, borracharias, barbearias, academias de ginástica e bordéis não se fala noutra coisa que não seja a retirada da venda dos olhos da Justiça


Seguindo este raciocínio, espero que o próximo passo não seja o NÃO CUMPRIR, pois se assim for, que se instale a ANARQUIA.


E pensar que tudo começou por medo do povo brasileiro parecer preconceituoso, rejeitando para seu presidente um nordestino, filho de mãe que nasceu analfabeta, de pouco estudo e consequentemente pouco discernimento. Afinal, era APENAS a direção da Nação que seria entregue a um torneiro-mecânico, na esperança de, sendo ele um de nós, tornear o destino da Pátria - nem tanto amada, nem tanto idolatrada, gritando apenas pelo salve, salve! – Mas qual o quê, o torno quebrou, o parafuso entortou. Pensando bem... Não foi só um dedo que a máquina engoliu, engoliu a nós todos.

Fazer o quê... Eu só não queria era perder a esperança, mas pelo jeito o torno triturou. Que apareça o senhor bispo para eu me queixar.