segunda-feira, 29 de junho de 2009

FILOSOFIA CÍNICA? SIM, SOU ADEPTA

Tela: Diógenes , o cínico


La Bruyére (parceiro nesta crônica de hoje) diz para ninguém se indignar contra o homem ao ver sua dureza, sua ingratidão, sua injustiça, sua arrogância, seu egoísmo e o esquecimento dos outros; são feitos assim, é sua natureza, é não poder suportar que a pedra caia ou que o fogo suba.


E conclui: num certo sentido, os homens não são levianos ou só o são nas pequenas coisas. Mudam seus trajes, sua linguagem, suas aparências, suas atitudes, e algumas vezes mudam de gosto, mas conservam sempre seus maus costumes, são firmes e constantes no mal ou na indiferença pela virtude.


A propósito, existe um ramo da filosofia conhecida como estóica, que teve ajuda da filosofia cínica e foi fundada por Zenão, em Antenas lá por volta de 300 a.C.


O estoicismo é uma espécie de “divertimento do espírito” – há quem afirme – É dito também, que os estóicos inventaram que se podia rir na pobreza; que se podia ser insensível às injúrias, à ingratidão, à perda dos bens, como à dos amigos e parentes; que a morte devia ser olhada friamente, como coisa que não deve alegrar nem entristecer; que o prazer e a dor não nos venceriam; sentir o ferro ou o fogo dilacerando ou queimando o corpo, sem exalar um suspiro, nem verter lágrimas. ( Esse “fantasma de virtude” e de constância assim imaginado, podemos chamar-. de sábio).


O interessante, é que essa filosofia não tira do homem os seus defeitos e quase não modifica nenhuma de suas fraquezas, não faz dos vícios pinturas horríveis ou ridículas que servissem para corrigi-lo, mostram-lhe o perfil de uma perfeição e de um heroísmo de que ele é incapaz e exortaram-no assim a realizar o impossível.


Desse modo o sábio, que não é, ou que é somente imaginário, julga-se naturalmente superior a todos os acontecimentos e a todos os males, nem a gota mais dolorosa nem a cólica mais aguda poderiam lhe arrancar uma queixa; o céu e a terra podem desabar sem que consigam arrastá-lo em sua queda e ele haveria de permanecer firme sobre as ruínas do universo, enquanto o homem que perdeu realmente seu sentido se exaspera, grita, se desespera, escancara os olhos e perde a respiração só por um cão perdido ou por uma porcelana feita pedaços.


Dito isto, como não sou sábia, me inclino mais para a filosofia cínica criada por Antístenes, um discípulo de Sócrates, por volta de 400 a. C., cuja filosofia consiste em achar que a verdadeira felicidade não depende de fatores externos como o luxo, o poder político e outras tais e sim da libertação das coisas casuais e efêmeras.

PÓS CONSUMMATUM EST



Ah, pacata cidadã, pacato cidadão, cá estou bem servida e acomodada, ouvidos ligadas no Plácido Domingo interpretando de Leoncavallo “Vesti La Giubba” (Pagliacci), meditando sobre a "Indesejada" retratada por Manuel Bandeira no seu poema “Consoada”, sem medo para dizer à iniludível que “O meu dia foi bom, pode a noite descer”, embora não tenha ainda lavrado o campo, nem limpado a casa, nem posto a mesa e nada esteja em seu lugar.


Mudando da água pro vinho e a pátria amada idolatrada salve salve como vai?


Diria que ressaltada pela voz de Fafá de Belém, me parece divina maravilhosa e me comove.


Já na interpretação de Sua Excelência, soa como samba de breque, muito parada; mesmo assim a platéia que não sabe a letra de cor, tenta fazer coro batendo os beiços no solfejo. Tem até quem grite bravo! E peça bis.


Sei não, mas tem horas que bate uma saudade do meu avô Bernardino, que sempre depois do terceiro trago, coçando o dedão do pé e diante de um fato consumado costumava repetir no seu latim de ex-seminarista, a última frase dita por Cristo na cruz: Consummatum Est.


E por falar em consummatum, tem que mandar um recadinho pra Chica , que está de “greve” porque eu dei as costas pra platéia.


Estou “desvirada”e em sua homenagem lhe dou o melhor dos meus sorrisos, isto graças ao pós “consummatum est” e também por conta da leitura diária das suas mensagens de otimismo que me restituíram, por assim dizer, a alegria de viver e conviver com os meus, coisa tão minha de antigamente.


Beijo pra você, Chica.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

DA SEREIA? JÁ NÃO OUÇO MAIS O SEU CANTO




“Levantei-me, encarei a decepção no rosto que já não sorria. Ofereci minha coragem nua . E agradeci por minha cura”(Yasmine Lemos)


Sim, agradeci por minha cura. No peito, a agulha de marear já não apontava para uma única direção e eu parti e naveguei em círculo em águas por mim conhecidas até ouvir o grito de terra à vista!


E eu deixei que a alegria tomasse conta de mim porque eu sabia que os braços do ser amado correriam abertos na minha direção e eu teria um colo onde descansar a cabeça tão conturbada, embora tivesse que baixá-la diante de uns olhos tristes e prescutadores, que lançariam sobre mim uma censura muda diante de um abandono não explicado.


Dizer voltei, seria pouco, mas o que mais poderia dizer diante de quem feri, por me deixar levar pelo canto da sereia? Acrescentaria alguma coisa dizer que voltei respingada de arrependimento, tristeza e desencanto, passageira de uma embarcação de casco avariado e velas rasgadas?...


E o que senti foi um suave gesto de mão entrelaçar os seus dedos entre os meus cabelos, significando o perdão não merecido mas suplicado. Acho que dormi para acordar entre braços como a querer me guardar e proteger.


Da sereia? Já não ouço mais o seu canto...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

BOM SABER DISSO , NÃO É?



Meu pai não se chamava Pangloss, não era filósofo e eu não sou adotada, não fui inventada por Voltaire e nem me chamo “Cândido ou o Otimista”. Acho até que sou um pouco pessimista, do tipo se o copo está com água pela metade eu digo que o copo ta quase seco, quando um otimista diria que o copo está quase cheio.


Às vezes eu me questiono por conta de umas diferenças que eu tenho com o Senhor lá de cima, mas precisamente pelo que nos ensinaram em Seu nome quando criança nas aulas de catecismo, como por exemplo essa coisa de pecado, de morrer, de alma que desprende do corpo, de ir pro céu, inferno ou purgatório.


Daí o meu pessimismo com relação a cumprir as metas para alcançar o caminho do céu. Acontece que eu cresci e andei lendo uma turma boa que tem cada idéia que nos leva a ficar otimista com relação a esta coisa de pecado, de castigo.


Conheça essa do nosso coleguinha alemão Leibniz, conhecido como arauto do otimismo e filósofo nas horas vagas, diz ele: Como Deus é onipotente e bom, podemos assegurar que o mundo é o melhor dos mundos possíveis; isto é, é aquele que contém o máximo de bem com um mínimo de mal que é condição para o bem do conjunto.


Deus quer que os homens sejam livres e permite que possam pecar, porque é melhor essa liberdade que a falta dela. O homem não sabe usar a liberdade; esta é um bem. O pecado aparece, pois, como um mal possível que condiciona um bem superior, a saber: a liberdade humana”.


Bom saber disso, não é?

terça-feira, 23 de junho de 2009

NÃO SEI SE HEGEL TINHA RAZÃO






“O convencimento às vezes,Traz-nos o alheamento e a
solidão,Se julgamos do silêncio, uma utopia dos deuses,Com que não nos devemos
preocupar,Porque tudo é passageiro”(Jorge Humberto)

Não sei se Hegel tinha razão quando afirmou que a verdadeira cultura tem que começar com o apagamento da própria pessoa, é o que venho fazendo há séculos seculorum; faço a escola de Pitágoras, que exigia dos seus alunos que não perturbassem durante os primeiros cinco anos, só ouvissem.


E nessa de apagar a minha própria pessoa, que venha a nós a figura de Emanuel Kant, o filósofo da Crítica da Razão Pura e que também resumiu o domínio da filosofia em quatro questões: Que posso saber? Que devo fazer? O que me é permitido esperar? O que é o homem?


QUE POSSO SABER?


Bem que eu poderia me valer de Sócrates quando respondeu ao oráculo de Delfos que lhe dissera ser ele o homem mais sábio da Grécia: “Isto só eu sei: que nada sei”.


De qualquer maneira tenho procurado nos filósofos uma explicação racional para as verdades da vida, tentando assim me libertar da ignorância por verdades tradicionais e míticas, advindas das gerações passadas ou por nós construídas com base em nossas próprias experiências.


O QUE DEVO FAZER? Situar-me numa ideologia, para que possa me movimentar e adquirir consciência de minha posição e lutar por ela?


Para tanto usando o bom senso para que ocorra a elaboração refletida e coerente do saber a partir da explicitação das intenções conscientes dos indivíduos livres, ativos capazes de críticas e donos de si mesmos?


O QUE ME É PERMITIDO ESPERAR? Da vida?


Esta já me deu tanto e já me tirou outro tanto. De mim mesma? Eu sou o que sou, sem tirar nem botar.


Dos outros? Destes nada espero. Mas não sei se caberia em mim o “Eu só me basto”.


O QUE É O HOMEM? O homem...?


Não é nada além daquilo que a educação faz dele (Emanuel Kant)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

SOBRE A "CANTADA CLÁSSICA"



Não. Ela não é nenhum Robbin Williams de saia no filme Patch Adms, mas me fez sorrir.


Invadiu a tela do meu computador e não deu outra, fui contagiada com a sua graça por conta de um texto humorístico postado aqui no Recanto, sob o título “Cantada Clássica”, que trata da cena do balcão entre as personagens shakespeareana Romeo (Romus) e Julieta , cujo diálogo amoroso dos jovens enamorados foi entremeado com situações da nossa época tais como liquidação, descontos, propaganda, cheque ao portador, conta bancária etc.


Escrito de uma maneira onde o humor refinado nos leva ao riso sem contudo desvirtuar a obra do grande dramaturgo.


Bem que poderia sugerir a autora um “remake adaptado” da comédia burguesa “As Alegres Comadres de Windsor também de Shakespeare, gostaria de ver pela ótica humorística da DOLCE VITA, autora da “Cantada Classica” que me referi acima, a transformação do humor tipicamente inglês de então e adaptá-lo com situações da nossa época, junto com as personagens Aninha Page, a amada de Fenton e desejada por todos, Evans com o seu caráter pitoresco , Dr. Caius e finalmente a figura horrenda de Falstaff, cheio de vícios, mentiroso contumaz, blasfemador, que rouba, bêbado , lascivo e nas horas vagas poeta de taverna.


Sugestão à parte, isto aqui foi uma forma de expressar o meu reconhecimento pela qualidade dos textos que a escritora Dolce Vita vem publicando aqui neste Recanto, a quem dirijo o meu aplauso.

BEM QUE TENTEI, MAS SÓ ENROLEI




Tá certo que eu não me tornei no que eu queria ser quando mocinha e eu queria ser que nem a Polyana, jogando o jogo do contente o tempo todo.


Tudo bem não aconteceu, mas também uma contenteza vez por outra não faz mal à ninguém. Hoje por exemplo é um dia que eu levantei com o pé direito; lá fora céu azul, sol brilhante, no rádio Fred Mercury & M. Caballé cantam How Can I GO On... How can I forget / Those beautifil dreams that we shored / They lost and nowhere to be found (...)


Ai eu pensei: realmente eu não posso esquecer aqueles lindos sonhos que dividimos... E por não poder perdê-los é que tenho que correr atrás.


Mas como ia dizendo estou feliz só não mando flores para o delegado por que alguém já mandou e nem vou beijar o português da padaria por que também o beijo já foi dado, só me resta ir pro mar mandar mensagem numa garrafa.


Não, garrafa no mar não, não chega lá, melhor um pombo-correio .


Puxa, brinque não, como é difícil fazer uma crônica descontraída, alegre; desde hoje que estou tentando e só enrolo.


Vai ficar assim mesmo. Mas insisto em dizer, estou feliz, estou contente.


Peraí... será que eu não estou... e só estou tentando me convencer disto?


E eu que pensei que estava “curada”.


Cadê o meu analista? O quero de volta!

NOTÍCIAS DA PÁROQUIA




Tristonho, escuro, sereno começou o dia por aqui. Antes que ele desabe sobre mim, vou sair da barrica, apanhar a lanterna e partir em busca de alguém que me sirva de fonte de inspiração para a crônica de hoje.


Não precisei ir muito longe, entre os meus conhecidos - pense aí em - Flaubert, Voltaire, Goethe, Stendhal, Collete, Virgínia Woolf e tantos outros, eis quem eu encontro, perfilado e pronto para ser visto, notado e reconhecido, o escritor Franklin Jorge, o “artista da palavra” , como o qualificou o saudoso Jayme Hipólito Dantas, profetizando também, que um dia “haverão todos de admirar a prosa deste excelente escritor.


Deste puro, saudável, belo cultor da forma.” (Extraído do Prefácio do livro de Bolso, Nossa Editora, 1980).


Em “Ficções/Fricções/Africções”, Franklin Jorge, na abertura do fragmento A Idade dos Nomes, onde trata de “Maria Maxixe”, fez a seguinte citação: “Essas coisas não aconteceram, mas existiram sempre” (Salústio. Degli Dei e Del mondo).


É assim que vejo o escritor Franklin Jorge, dizendo coisas que eu não sei se aconteceram, mas que existiram, com a maestria descrita pelo também saudoso Américo de Oliveira Costa, que disse: “ Suas produções obedecem sempre a um esforço de despojamento, de depuração na busca da expressão ou da forma desejada, não por uma questão de preciosismo de artífice, mas como uma condição substancial de sua natureza criativa”. (Extraído do livro Spleen de Natal 1996)


Estou recordando Franklin Jorge porque ontem à noite nos encontramos no lançamento do livro de um outro querido amigo,Assis Câmara, “O Silêncio de Deus” ( da sensação de abandono ao consolo da esperança).


Ocasião em que colocamos a conversa em dia e me comprometi escrever para o seu site http://www.franklinjorge.com/ , onde o escritor esbanja sua capacidade de historiador/memorilialista e cronista do cotidiano.


Também recordei a nossa ultima conversa ao telefone, oportunidade em que afirmei não gostar de Shakespeare. (Ele com o seu cavalheirismo, não me disse que o desgostar é fruto da minha pseudocultura, que impede que eu alcance e entenda o dramaturgo inglês).

Mas, sabe Franklin, confesso que existe algo mais: a falta de originalidade. Então, ajo feito o escritor alemão Gottfried Keller, que se queixava de que Shakespeare houvesse aproveitado todos os temas fecundos, antecipando-se, assim, aos escritores que vieram depois dele, e prejudicando-os na própria originalidade.


Obrigada meu caro Franklin por me servir de tema, e como você bem o disse, “ escrever é transgredir os códigos (...) quem sabe um dia eu transgrida e convença, feito aquele que eu não alcanço e nem entendo, que no seu tempo pendurava uma lanterna no palco do teatro, e advertia um auditório de mercadores e marinheiros que aquela candeia, oscilante e tosca era a lua, debruçada no firmamento.


E todo mundo via e sentia na luz baça do candeeiro de azeite a poeira do astro luminoso

JOÃO X MARIA



De repente eu estava me sentindo invisível naquela sala, os dois não tomavam conhecimento de minha presença e João agredia Maria com palavras e ela revidava, num verdadeiro duelo onde os esgrimidores tinham como florete a língua afiada de cada um.


E quem disse que a esta altura eles precisavam motivo para brigar, bastava um olhar atravessado para o outro, ou um dizer que vai chover para o outro dizer que vai fazer sol e daí partirem para um discussão estéril a respeito do tempo.


Foi quando a Maria, sem fitar João, disse alto e bom som: “E se eu me interessar por alguém ?”. Ai o João mandou uma risada forte e disse em tom de deboche: “Bonita a letra dessa musica do Peninha que a Sandra de Sá canta, não é?


E com aquele ar de reprovação Maria disse pro João: “Mas você sabe pisar o coração de uma mulher! Já foi mulher um dia?”. E João não se agüentou e mandou ver outra risada, completando: tem paciência mulher!


Mas isso aí é do Chico César de parceria com a Ana Carolina e que o próprio Chico César canta! Parece que você não sabe dizer duas palavras que não coloque letra de música no meio?!


Separaram-se. Maria interessou-se por outro alguém, que é compositor maestro e arranjador e nas horas vagas verseja para ela.


E o João? Maria diz que não tá nem aí, mas confessou que torce para que ele esteja amargurado, sentindo sua falta, tomando todas e ouvindo pelos cantos a Sandra de Sá e repetindo baixinho com a voz embargada... “E se eu me interessar por alguém? E se ele de repente me ganha?... Ou senão repetindo Chico César... “ Para pisar o coração de uma mulher / basta calçar um coturno”.


Nesse ponto ao lembrar do “coturno” quem sorriu foi a Maria, pensando que era bem provável, que o João olhasse para os pés nessa hora e chutasse qualquer coisa que encontrasse à sua frente. (Esta parte ai do chute não estava no script foi coisa da Maria para tirar um sarrinho da autora há.ha.ha.)


E assim Maria ganhou o último round.


Viva Maria!

domingo, 14 de junho de 2009

QUANDO EU CERSCER QUERO ESCREVER QUE NEM ELA II



Tempos atrás eu escrevi um texto com este mesmo título e começava assim : Sempre que leio a escritora MARÍLIA L. PAIXÃO sinto inveja e não tenho pejo de confessar.


A inveja prende-se à sua autenticidade, do mundaréu de palavras que jorram de dentro de si e como ela as manipula a seu bel prazer, criando frases de efeito e que de tão bem colocadas produzem uma maneira graciosa de dizer o que pensa.


Assim como "I HAVE A DREAM' de quando crescer escrever que nem a Marília, presumo que ela também tenha os seus e um deles, acredito, se reflete no prosseguimento aos desafios literários que foram promovidos aqui no Recanto entre escritoras que, quando sob sua coordenação, procurou implantar idéias originais visando o crescimento de tais desafios.


E como a sua idéia é de continuar promovendo entre uma nova turma não mais desafios, mas sim, interação textual , cuja finalidade maior é o entrosamento entre as participantes e o aperfeiçoamento literário, mais precisamente sobre o gênero crônica, levando-se em consideração a observância de regras, que deverão servir de parâmetro para o sucesso de mais essa interação.


Por ter um temperamento forte e pontos de vista firmes, não é fácil conviver com o gênio que é a Marília.


Durante o desenrolar do primeiro desafio tive minhas diferenças de opinião, que nem sempre chegaram a um denominador comum, cujos motivos prendiam-se tamsomente a observância do que ela estabelecia na condição de coordenadora do grupo.


Aproveitando este momento de descontração, se de minha parte extrapolei na adjetivação, em algum texto meu ou de outra qualquer forma, que a escritora tenha se sentido ofendida, apresento as minhas desculpas públicas e formais.


E estamos para o que der e vier.Feitas estas considerações, deixo dito: I Love you, Marília

CONSULTA MARCADA PARA A PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA



Na falta do que fazer eu bem que poderia sair por ai em busca dos últimos mistérios do Mundo...


Mas isso não é mesmo que explorar o passado? E do passado seja do Mundo seja o meu, me parece coisa desinteressante no momento.


Como diz Emmanuelle Hubert, vasculhar o passado é como penetrar num imenso sistema de cavernas dispondo apenas de velas para iluminar o caminho.


Quanto mais profundamente o explorador se aventura nas suas câmaras e na ramificação infinita dos seus túneis, tanto mais se apercebe da escuridão que envolve a sua minúscula auréola de luz.


E nesse pensar vadio, cheguei até Clarisse Lispector, dela lembro “Das Vantagens de ser Bobo”, onde a escritora diz que uma das vantagens de ser bobo é ter boa fé, não desconfiar, e, portanto estar tranqüilo. Diz mais: o bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas.


Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou pensando, estou pensando” .


O bobo por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir, tocar no mundo...


Lidas as considerações da Clarice, chego à conclusão que eu sou boba. Gosto de saber disso.


De verdade.Andei lendo La Bruyère sobre a arte de escrever e aprendi que todo o espírito de um autor consiste em bem definir e bem descrever e que nem autores tais como Moisés, Homero, Platão, Horácio etc. não estão acima dos outros escritores senão por suas expressões e suas imagens.


Que é preciso expressar a verdade para escrever com naturalidade, força e delicadeza.Tento fazer isso, tenho o meu estilo- que eu mesma duvido que seja lá tão próprio -, onde me estribo geralmente por força da minha condição, no pensamento de grandes pensadores e daí já não sei quando digo o que penso ou digo o já pensado.


Contudo, estou tentando me desvencilhar das muletas e começar a caminhar com as minhas próprias pernas . Juro como estou tentando, embora o meu fisioterapeuta não demonstre essa fé toda em mim não.


Aqui neste texto mesmo, tentei caminhar só, não deu outra, findei caindo em cima de Emmanuelle Hubert, Clarice Lispector e Bruyère.


Foi quando o Eduardo, meu fisioterapeuta, olhou sério e esticou o braço em minha direção entregando-me uma requisição. Encaminhado-me para o psicólogo.


Fazer o quê? Consulta marcada para a próxima segunda-feira.

"MINHA LUA PRA VOCÊ"



O e-mail dizia: “minha lua pra você” e logo abaixo a foto de uma lua cheia linda.


Pensei em pessoas distantes..., nas que a gente ama e não desama..., nos dias dos namorados...


Li o e-mail, fitei a lua por minutos e imaginei-a sobre o mar da minha praia...


Teria que ir por lá nesse final de semana, havia prometido instalar uma antena parabólica, pois estava programado receber amigos queridos, que por lá ficariam hospedados e que eram chegados a uma TV.


Mas, infelizmente, para tristeza minha e por motivos alheios a minha vontade tudo indica que não mais virão. Se disser que não estou triste faltaria com a verdade. Estou sim, e muito.


Fazer o quê... Só me resta pensar neles como aquelas pessoas que a gente ama e nunca se encontra, mas que “fazem bem simplesmente porque existem” (Jean Guiton)


Contudo, como para mim promessa é dívida, a antena mesmo assim será instalada, se transformará num marco da ausência de pessoas amadas.


Por certo o frio de São Paulo será mais aconchegante.


Amigos...Que bom tê-los, não? Vinicius de Morais, diz num poema que dos amigos a gente sente saudades “até dos momentos de lágrima , da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido”.


E termina dizendo “que sempre pensei que as amizades continuassem para sempre”.


Pois é, tantos planos, pois é... Se ao menos eu acreditasse em milagres... Sabe, melhor eu ir olhar o retrato da lua, a esta altura ela já não está mais no céu.


PS: Feliz dia dos namorados/namoradas

FELICIDADE FINDA...TRISTE IDEM



Não sei se quem escreve tem o direito de mostrar fraqueza

Mas tem momentos que a gentese sente fragilizada

E ao invés de levar ao leitoruma palavra de incentivo,

De reconhecimento do direito inalienável de ser feliz ,(Declaração da Independência dos EUA)

Fica pedindo colo para este,

Imaginando que nada vale a pena,

Que a felicidade sempre finda,

Esquecendo-se que a tristeza também se acaba,

Que na dor também tem beleza

E por mais dificuldade que a vida nos apresente

Não dá pra cortar os pulsos.

E se o riso pede um motivo

Lembre-se de Fernando Pessoa com o seu poema Triste

De quem é feliz vive porque a vida dura ...

O LEÃO DECEPCIONADO




Como diria o Baldolino, personagem de Humberto Eco, na sua língua fresketa: “ por Deus, como cansa escreber doem já todoles dedos”.E eu que não estou mais aqui, posso inventar uma historinha mentirosa ou “alterar pequenas verdades, para ressaltar a verdade maior”.


Afinal, afirma o “seu” Humberto, que o mundo condena os mentirosos que sabem mentir, até mesmo sobre coisas mínimas, e premia os poetas que metem apenas sobre coisas grandiosas.


Eu sou poeta e não duvido disso, posso mentir grande.Mas vamos ao que interessa: uma historinha,pode ser uma fábula, que tal a do “Leão decepcionado? –- Eita! Mentir pode, mas fazer sua, uma história do outro, pode não!- História de outro, nada! História de árabe e história de árabe não tem dono, é de quem conta, além do mais o Loqman, já morreu faz tempo; se duvida, pergunte pro Jamil Almansur Haddad.E pra seu governo eu sei que vou agradar, tem até aquele finalzinho: moral da história.


Veja, confira:Um leão que o sol castigava foi procurar sombra na caverna. Mal se viu instalado ai, um lagarto trepou nele, fixando-se em seu dorso. O Leão ergueu-se subitamente, olhou à direita e à esquerda, e, não vendo nada, começou a dar sinais de pavor.


Uma raposa que estava ao lado, percebeu o que estava acontecendo e pôs-se rir. Então o leão disse: “Eu não tenho medo de lagarto, mas o que me enfada é a sua insolência e o pouco respeito que ele me tem.


"Moral da história: às vezes o desprezo faz sofrer mais do que a própria morte.Feche a cortina e eu que não estava aqui continuo não estando.

A MINHA VERDADE, COMO LIDAR COM A SUA NÃO ACEITAÇÃO?



Gostaria de falar sobre a VERDADE, contudo, coisa fácil que não é; o próprio Jesus Cristo ficou calado quando Pilatos o inquiriu sobre o significado dela.Nos é ensinado, (relembrando o prof. Reimberto Schimitz) que o dogmatismo é a atitude de acreditar que o mundo que nos cerca em todos os seus aspectos, é exatamente como o percebemos.


A nossa praticidade é que nos conduz a tal atitude. Assim, no nosso cotidiano, julgamos os fatos bons ou ruins, verdadeiros ou falsos, segundo nossos interesses de forma direta sem questioná-los profundamente. Desta forma nossa atitude nos leva a crer que a nossa verdade ou nossas verdades são únicas e que a realidade das coisas é tal qual a percebemos.



E quando eu falo a minha verdade, no que acredito ser, como lidar com a sua não aceitação , quando sei que muitos guerrearam e morreram pela intransigência de não aceitar a verdade do outro?


Carlos Drummond de Andrade tem um poema onde ele demonstra várias concepções da verdade, vou transcrevê-lo, e cada um faça sua opção conforme o seu capricho:


VERDADE – A porta da verdade estava aberta / mas só deixava passar / meia pessoa cada vez / assim não era possível atingir toda a verdade / porque a meia pessoa que entrava / só trazia o perfil de meia verdade / e a sua segunda metade / voltava igualmente com meios perfis / e os meios perfis não coincidiam / arrebentaram a porta. Derrubaram a porta / chegaram ao lugar luminoso / onde a verdade esplendia seus fogos / era dividida em metades / diferentes uma da outra / chegou-se a discutir qual metade mais bela / nenhuma das duas era totalmente bela / e carecia optar. Cada um optou conforme / SEU CAPRICHO, SUA ILUSÃO, SUA MIOPIA.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A CRÔNICA DO AMOR PERDIDO




Desta vez o Ser não chutou pedras, até cantarolou “We Said Goodbye”, que Dave Maclean cantava no DVD do carro, quando a música acabou só repetiu why did you say good bye to me / why, why oh why...


O Ser saiu de casa sem destino, não corria atrás de nada, pois sabia o que havia perdido não encontraria nas “terras altas” mas o Ser precisava entender o muito que ouviu, precisava de solidão pra isso.


Não, o Ser não pisou fundo no acelerador e até lembrou-se de um texto interessante que lera no dia anterior, onde está dito “que nem sempre é seguro pisar no acelerador.


Amor demais causa engasgos e amor em menores dose ainda assim dá em multas absurdas. O Ser achou esquisito que alguém pensasse assim; como que amor demais dá engasgo e amor de menos paga multa?


Só estando com o “carburador” entupido. É, pode ser...


E o Ser rodou por quilômetros e como se o carro tivesse ligado no piloto automático, seguiu na direção do lugar onde o Ser sentia-se mais livre pra pensar e que é o seu refúgio: a casa de praia.


Mas pra ela o Ser não se dirigiu, preferiu parar o carro na “enseada dos golfinhos” e do alto de uma falésia, despetalando uma flor rasteira, dessas que nascem nas encostas dos morros e naquela do “bem me quer/ mal me quer” , observar a imensidão do mar, que sabia o Ser não chegava lá onde queria que chegasse, pois se chegasse colocaria uma mensagem dentro de uma garrafa na esperança que alcançasse o destino que desejava.


E pensou... pensou o Ser... Tinha a dimensão exata dos seus sentimentos e por serem tão fortes amedrontava . Só que o Ser não entendia a reação contrária que causava tais sentimentos.


Afinal o que tinha para oferecer era tão puro, exigia quase nada, só um pouco de atenção. E o Ser sentiu-se fora da realidade deste mundo, o amor pesava no seu peito e teria que sufocá-lo.


Era apenas um sonhador... A noite se fez e o Ser entrou no carro.


Pra ele só restou aos seus ouvidos “We Said goodbye” ...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A CLANDESTINA



Miami? Nem pensar; não tenho dólares pra gastar.Alemanha? Nem morta; a nova safra de nazistas está fazendo fogueira com os estrangeiros.Pasárgada? Por lá em nenhuma cama deitarei; não sou amiga do rei.


Macatuba, posso? Bom, aí depende do visto no passaporte, não sabe? Não tem polícia atrás de mim, mas tô vexada. Que me perdoe o cônsul Tarcísio Gurgel , do seu visto declinarei e em Macatuba como clandestina entrarei, visse? Norte, Sul, Leste, Oeste.


Macatuba onde é que fica?Se não tenho nem uma mula pra montar, como é que chego lá... Acho mesmo que tenho de pegar aquele bonde do seu Woden – isto se a cobra não me picar, o pântano não me tragar e a inquisição na me queimar.


Ufa, Cheguei! Cheguei...?Encoberta pelas sombras da noite, em Macatuba entrei; à hora exata da chegada, lembro não, mas foi justamente no momento em que passava uma revoada de marrecas fazendo ti ti ti ti.


Ricardina já dormia.Feliz a Ricardina, que depois de fazer amor tinha onde dormir. Eu não tinha não. Foi por isso, que fui velar por toda a noite ,o corpo de Netuno, que morreu porque estava vivo. Sem se fazer de rogado o dia clareou, avistei a bodega do Ventinha e pra lá me dirigi.


Não bebo zinebra, mas uma média quentinha com pão e manteiga caía bem. Pedi. E tive eu que explicar pro Ventinha o que vinha a ser uma média.


Bebi, comi, paguei.


Debaixo do olhar enviesado do Ventinha saí de sua bondega sem saber se a Feliciana tinha ao menos quinze anos e se fornicava ao mesmo tempo com Pilão e com Euzébio. Caminhar por Macatuba é preciso.


Não caminhava contra o vento, o sentia pelas costas; dei dois espirros, assoei o nariz com um lenço e mostrei meus documentos pro cabo Virgílio, isto porque caí na asneira ,feito uma lesada, de dirigir a palavra a três meliantes que estavam plantados na esquina: Arrudão, Isidoro e o Cleto.


Só queria saber onde encontrar o bispo Ferreirinha. Pra quê, eu não sabia; não sou de tomar benção a padre, além do mais a minha saia era curta, a manga de minha blusa era cavada e usava sapato sem meia. Do jeito que me apresentava por certo o bispo Ferreirinha ia me achar a própria encarnação do capiroto –fêmea.


E nem precisava indagar. No final da rua, a praça da matriz. De lá vinha o som das vozes do coro feminino“ O amoooooooor – o amoooooooor de Jesus...O amooooooooor – o amooooooor de Jesus...


Macatuba não é só isso, é muito mais. Encantou-me conhecê-la .“Vou voltar ,Sei que ainda,Vou voltar”...


Mesmo por que quero saber com quem ficou a quartinha de florzinha que a Efigênia devolveu para o finado Lustosa...

sábado, 6 de junho de 2009

A PAIXÃO SEGUNDO FRANCESCO ALBERONI




Como saber? Como conhecer? Quando sinto o chão fugindo dos pés pela falta de “esquemas de pensamento”, recorro à filosofia, afinal, os filósofos foram o marco inicial de uma explicação racional para as verdades da vida.


Assim, recorro ao professor de filosofia Reimberto Schmitz, para me ajudar a conhecer o pensamento do sociólogo italiano Francesco Alberoni, que estabelece algumas diferenças entre o amor e a paixão.


Paixão, que é algo maravilhoso, mas quanto mais conhecemos a estrutura desse sentimento e das emoções que lhes são relacionadas, melhor poderemos vivê-la, tanto na adolescência quanto em outros momentos da vida, é o que afirma os que a conhecem.


O pensamento de Alberoni sobre a paixão é retratado como uma revelação maravilhosa, uma fulguração que transforma toda nossa vida. É o advento do extraordinário que nos retira da tranquilidade da vida cotidiana, na qual os laços afetivos se encontram já consolidados, e nos atira num redemoinho que transfigura a qualidade da vida e da experiência, levando-nos a alterar radical e profundamente as relações com os outros e a postura diante do mundo.


É dito também, que não nos apaixonamos em qualquer momento da vida. É preciso estarmos disponíveis, predispostos a nos apaixonar; romper com o passado e a colocar em questão a nossa vida, buscando outras respostas.


A paixão é, ainda, exclusivista. Seu objetivo é um só e não pode ser substituído. A paixão exige total dedicação. No entanto, pode ser unilateral, isto é: pode não ser correspondida e cria, também, o tempo e o espaço míticos.


Determinadas datas, determinados lugares são considerados “sagrados” pelo par enamorado. São “seus”, estão ligados a origem da paixão e são comemorados seguidamente tendo a função de reativar os sentimentos.


A paixão se alimenta da tensão criada pela diferença que se deseja igualdade . Ainda Alberoni. Desejamos a diferença do outro porque é ela que nos atrai, por abrir novos horizontes de vida. Ao mesmo tempo, porém tentamos limitar essa diferença, para nos sentirmos seguros.


O ser amado é sempre força vital livre, imprevisível e polimorfo. E o próprio fato de ser imprevisível que nos faz sentir ciúmes em função do medo da perda. Aquele que for o mais inseguro do casal começa a estabelecer para o outro, limites cada vez mais estreitos que funcionam como provas de amor, a exigir renúncias numerosas a fim de tornar o parceiro um ser dócil, inócuo, domesticado.


E o fim da paixão, como é sentida?


Assim: O outro aceita, renuncia a amizades, programas, viagens, às vezes até a profissão. Muda o comportamento e a aparência pra manter o amado feliz, transforma-se na imagem desejada por ele, perde a individualidade, a liberdade de ser e escolher.


O parceiro, por sua vez, se vê seguro, mas diante de uma pessoa que não mais o interessa, que não aponta mais para novas possibilidades de vida, que não tem mais força vital pela qual se apaixonou.


Este é o fim da paixão e o começo da desilusão e do rancor, isto é, o momento em que a paixão alegre degenera em paixão triste.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

E ELE...QUEM ERA MESMO? - ( À DERIVA)




Não. Não havia tranquilidade naquela caminhada, nem em mim nem tampouco nele, a sensação que eu tinha era de que formávamos um belo par de mudos estranhos caminhando lado a lado.


Sentia as minhas mãos crispadas e um desejo quase incontido de segurar aquela mão que roçava na minha, mas o dono dela não demonstrava esse mesmo desejo, pelo contrário, era como se pressentisse o meu gesto e o repelisse; pelo menos era no que eu acreditava..


Assim caminhávamos: apreensivos e inseguros. Aquele momento a sós não era nosso, era roubado, não pertencíamos um ao outro, logo, logo ele partiria. E eu o que faria depois de sua partida? O esqueceria? Afinal, nem nos conhecíamos! Nunca nos vimos antes!


Mas com certeza depois dessa aventura inconseqüente, inesperada, se eu seguir os meus impulsos, me tornarei nômade, transformarei a minha vida num barco e me jogarei mar afora à deriva, sem bússola e nenhum timoneiro.


Partirei em busca de outros mares. Que venham as tempestades, as calmarias, os icebergs. Não quero avistar nenhum farol pra me guiar; se o vento e as correntezas me arrastarem, pouco importa onde vá bater com os costados.


E ele... Quem era mesmo...?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

BANDEIRA DESAMADA




Hoje era um dia que eu estava a fim de jogar conversa fora, ai a escritora Marília Paixão me sugere um tema sério: “Bandeira Desamada”.

Então, pensei... Desamada por mim, por você, pela torcida do Flamengo?


Não, com certeza que não. Sim, pelos homens públicos, pelos que nos governam que respeito nenhum demonstram pelo nosso país: acredito que a nossa Bandeira represente para essa gente apenas um pedaço de pano sem simbologia alguma.


Às, favas pendores patrióticos, o que essa gente quer da pátria amada, idolatrada, salve, salve é apenas se locupletar.Dito isto, parei pra pensar, no nosso país, no seu símbolo maior, a nossa Bandeira... Amada ou desamada...?


Pensei tanto que o sono me pegou e dormi. Dormi e sonhei. Sonhei que era candidata à presidente da República. Por sugestão de Duda Mendonça, para dar maior credibilidade à minha candidatura, seria de bom alvitre apresentar-me como evangélica.


E lá fui eu pra dentro da telinha com cara de , com todo respeito , bispo Trivela. Não por falta de advertência do Duda, (por conta de uma gagueira que me persegue) mas confiando nas aulas tomadas com uma fonoaudióloga, resolvi iniciar o meu discurso cívico, cumprimentando os te-les-pec-ta-do-res.


Para desespero meu não consegui pronunciar corretamente o tal vocábulo. Depois da terceira tentativa desisti, mas não perdi a fleuma. Disse pra mim mesma: calma Zélia, isto é apenas um programa de propaganda eleitoral, a maioria dos aparelhos de TV estão desligados, sinta-se à vontade para falar e nada dizer.


Fiada nisso repeti como se fosse só para mim, coisas já ditas, prometidas e não cumpridas E mandei ver as metas do governo dos outros e falei que nem eles


SOBRE... AGRICULTURA: que tem um papel duplamente estratégico: é nele que se inicia a principal cadeia de produção de bens de consumo de massa. E é também nele que se pode criar emprego mais rapidamente e com menos custo de investimento para cada novo trabalho.


EDUCAÇÃO: requisito tanto para o pleno exercício da cidadania como para o desempenho de atividades cotidianas, para a inserção no mercado de trabalho e para o desenvolvimento essencial para tornar a sociedade mais justa, solidária e integrada.


EMPREGO: QUE NO Brasil atinge proporções extremamente graves e peculiares. Estima-se um número elevado de trabalhadores desempregados.


SAUDE: cuja crise é inegável. Sua fase viável – hospitais sucateados, profissionais em greve, pacientes jogados em macas nos corredores, falta de material e medicamentos – esconde a falência de um modelo voltado predominantemente para a cura e o tratamento de doença. Isso leva à crença de que a crise é devida, apenas às deficiências no atendimento médico-hospitalar.


HABITAÇÃO: onde existem, nas áreas urbana e rural do País, milhões de habitações precárias, com inadequada estrutura física, falta de serviços essenciais de pessoas por cômodo. São milhões de pessoas morando mal”.


Ai acordei. Por sobre o colo um livro aberto contendo propostas de governo, que repeti feito um papagaio .


O sonho foi por conta dessa mania que tenho de ler e reler as promessas de campanha não cumpridas dessas excelências que costumamos fazê-los nossos governantes, só pra ter raiva.