sexta-feira, 20 de julho de 2007

TEM TUDO A VER


















Tempo faz e eu nem me lembro quando, li um artigo de jornal onde o articulista enfatizava a necessidade de melhorar a distribuição de nossa riqueza, “antes que os rios subterrâneos juntem-se numa corrente caudalosa que nos leve a alguma foz desconhecida”.


A propósito de distribuição de riqueza equânime, também disse certa vez o filósofo Francis Bacon, que a melhor receita para evitar as revoluções (corrente caudalosa?) é a distribuição equitativa das riquezas, pois o “dinheiro é como adubo, para nada serve, a menos que seja espalhado”. E olhe que o filósofo não pregava o socialismo nem tampouco a democracia; não tinha confiança no povo, considerava que a adulação mais baixa é a adulação do populacho e deu razão a Focion quando ao ser aplaudido pela multidão perguntou o que havia feito de errado;


O filósofo Francis Bacon, nascido no ano de l561, viveu na Inglaterra e teve a sua glória no período de Elizabeth, onde as “virtudes”exigidas na corte da rainha foram descritas em versos cômicos por Roger Ascham, da seguinte maneira: “ Trapaceie, minta, adule e cultive a hipocrisia, / Quatro requesitos necessários para na Corte favores obter / Caso não queira sujeitar-se a dessa forma agir, / Boa viagem, meu amigo, feliz regresso ao lar!”.


Tendo sido feito Barão Verulam de Verulam e Visconde St. Albanis, Bacon, que, como disse acima, conheceu a glória no reinado de Elizabeth e sobre ele foi dito que os seus ensaios são como uma comida substancial que digerida em pequenas porções constituem o melhor alimento espiritual da língua inglesa, teve o seu declínio no reinado de James I, isto por conta de desvio de conduta. Exercendo por três anos o cargo de Ministro da Justiça da Inglaterra, para nos fins de seus dias assumir o cargo de juiz. Investido de tal cargo e com forte tendência “ a fazer despesas, adiantando-se aos percebimentos a que fazia jus, não lhe permitia o luxo de ter escrúpulos”; não fugia ao costume de sua época, (1621) isto é, aceitava, como os demais, “presentes” de pessoas cujos casos estivessem sendo julgados em seus tribunais. Até que um dia, um litigante acusou-o de receber dinheiro para rápida solução de um caso. O Parlamento achou culpa no ato de Bacon e pressionou o rei James, que o enviou preso para a Torre de Londres . Contudo, a pesada multa que lhe foi imposta foi perdoada pelo Rei. A respeito de seu julgamento disse o filosófo: “ Fui o juiz mais justo que houve nesses cinqüenta anos; mas foi o julgamento mais justo que houve na Inglaterra..


Morreu pobre e na obscuridade o grande Bacon. Deixou escrito no seu testamento estas palavras: “ Lego minha alma a Deus... Meu corpo para ser enterrado obscuramente. Meu nome, às gerações vindouras e às nações estrangeiras”.


As gerações e as nações o aceitaram, prova disso é que eu aqui, em pleno século XXI falando sobre ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ou seja, junte -se ao covil se quiser ser "normal".Pois esses precisam dos aplausos insanos,como disse o grande Nelson Rodrigues: toda unamidade é burra.Qualquer semelhança com nossa realidade....
parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Olá zélia ,adorei seu blog,seus textos,passarei mais vezes.
abçs
Darlyane
(sou prima de Gracy)