terça-feira, 9 de junho de 2009

A CRÔNICA DO AMOR PERDIDO




Desta vez o Ser não chutou pedras, até cantarolou “We Said Goodbye”, que Dave Maclean cantava no DVD do carro, quando a música acabou só repetiu why did you say good bye to me / why, why oh why...


O Ser saiu de casa sem destino, não corria atrás de nada, pois sabia o que havia perdido não encontraria nas “terras altas” mas o Ser precisava entender o muito que ouviu, precisava de solidão pra isso.


Não, o Ser não pisou fundo no acelerador e até lembrou-se de um texto interessante que lera no dia anterior, onde está dito “que nem sempre é seguro pisar no acelerador.


Amor demais causa engasgos e amor em menores dose ainda assim dá em multas absurdas. O Ser achou esquisito que alguém pensasse assim; como que amor demais dá engasgo e amor de menos paga multa?


Só estando com o “carburador” entupido. É, pode ser...


E o Ser rodou por quilômetros e como se o carro tivesse ligado no piloto automático, seguiu na direção do lugar onde o Ser sentia-se mais livre pra pensar e que é o seu refúgio: a casa de praia.


Mas pra ela o Ser não se dirigiu, preferiu parar o carro na “enseada dos golfinhos” e do alto de uma falésia, despetalando uma flor rasteira, dessas que nascem nas encostas dos morros e naquela do “bem me quer/ mal me quer” , observar a imensidão do mar, que sabia o Ser não chegava lá onde queria que chegasse, pois se chegasse colocaria uma mensagem dentro de uma garrafa na esperança que alcançasse o destino que desejava.


E pensou... pensou o Ser... Tinha a dimensão exata dos seus sentimentos e por serem tão fortes amedrontava . Só que o Ser não entendia a reação contrária que causava tais sentimentos.


Afinal o que tinha para oferecer era tão puro, exigia quase nada, só um pouco de atenção. E o Ser sentiu-se fora da realidade deste mundo, o amor pesava no seu peito e teria que sufocá-lo.


Era apenas um sonhador... A noite se fez e o Ser entrou no carro.


Pra ele só restou aos seus ouvidos “We Said goodbye” ...

2 comentários:

Dolce Vita disse...

Zélia!!

Uau!!!


Um texto magnífico como este pode ser interpretado de mil e uma formas!!!


No momento, podemos ampliar o sentido simbólico?

... este carro representaria a viagem do autoconhecimento.

Uma jornada arquetípica!

O ser em busca de si mesmo!

O ser e seu próprio amor (amor próprio, se preferir).


O ser que decide tomar as redéas de sua própria vida e destino e não colocar no outro a responsabilidade pela sua felicidade ou infelicidade. Por isso volta estrada para encontrar a si mesmo.

Que esta jornada seja feita de lucidez e amor próprio! Sempre!


Parabéns pela crônica magistral, mestra!

Beijos
Dolce :)

chica disse...

Adoro te ler, sabias? Sempre tenho motivos pra te aplaudir!beijos,chica