É comum as pessoas dizerem que tem o seu livro de cabeceira, eu tenho também, só que mais de um, entre eles o livro de poemas de Yasmine Lemos, “Vestida em Versos”.
Eu estava aqui deitada lendo um desses poemas, que, aliás, é um dos meus favoritos e título desta crônica: “Tristeza Solidária”, que diz o seguinte:
A sutileza do amor me enganou / Pensei: /Há flores ainda / Há cheiro nas pétalas /Eu parecia não me ouvir / Quis chorar /Os olhos arderam, se envergonharam / Lágrimas ensoparam minhas veias /Desfazendo as teias /Comecei a me desmanchar pro mundo / Entrelacei as mãos / numa solidão exausta de mim / Entre as pernas, os lençóis / Cheio de nós / A desesperança sorria / A garganta seca gemia / Alma sem rumo / Ouvi da tristeza uma ironia: / - Deixaste minha gaveta vazia.
Depois que o reli, levantei e fiquei pensando nos que escrevem. É sabido que os que escrevem tem uma imaginação fértil e sua pena é livre, a forma, cada um escolha a sua: fala-se na primeira pessoa ou usa-se uma segunda para dizer o que a primeira pensa,esta, situado-se na condição de narrador passivo - mas soltando a língua da segunda, -“ agente ativo” – que, a quem tudo é permitido dizer , recaindo sobre si, as conseqüências dos seus dizeres, afinal, a segunda não passa de um personagem saído do imaginário do narrador passivo.
E assim, seguimos nós, quase sempre atrás da cortina, manipulando os nossos bonecos de marionetes, ora divertindo, ora fazendo chorar, pensar, sonhar...
E quase sempre atrás de cortina... Quase sempre atrás da cortina......
Bem diz o Apollinaire: “Piedade para nós, que exploramos as fronteiras do irreal”.
Apollinaire era poeta. Poeta que nem a Yasmine..
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