segunda-feira, 25 de maio de 2009

O SILÊNCIO QUE ME INCOMODOU



Pois é seu Drummond dissestes que tinha apenas duas mãos e todo o sentimento do mundo.


E, por eu ter também duas mãos e todo o sentimento do mundo é que estou triste comigo mesma, triste por não ter tido palavras de conforto ou mesmo um abraço fraterno, um ombro amigo para oferecer à uma amiga querida que chegou até mim e eu não lhe servi de muro das lamentações.


Chorava ela a perda daquele a quem considerava o grande amor da sua vida e eu a deixei partir... Cabeça baixa, ombros caídos, passos arrastados, mais parecendo o ser de “Eterna Mágoa” da poesia de Augusto dos Anjos. Juro, não foi a insensibilidade a causadora do meu silêncio, eu só não tive palavras.


Mas, o que dizer para uma pessoa que tem a vida oscilando entre a dor e o tédio, de espírito obtuso a arrastá-la sempre a fonte do sofrimento sem nunca preencher o vazio interior, a debater-se numa luta permanente, sem saber fugir nem se libertar, que busca refúgio no amor e nele a dor também encontra... E quer saber de mim para quê o viver?


Recordando uma frase do escritor Berilo Wanderlei, será que teria adiantado dizer que também às vezes me sinto “desamada” e tão vazia quanto ela e que por certo fazemos parte dos “tipos perdidos por ai em busca de autores”?

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