quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA





"Coração, olha o que queres:

Que mulheres, são mulheres...

Tão tirana e desigual

Sustentam sempre a vontade,

Que a quem lhes quer de verdade

Confessam que querem mal;"

(Do poema Coração, Olha O Que Queres de Francisco R. Lobo)



Francisco Rodrigues Lobo (1580/1622), foi um poeta português, que dedicou uma obra (Côrte na Aldeia) ao marques D. Duarte de Bragança,descendente da Coroa Portuguesa, na dedicatória ele o convidou a preservar e ter orgulho da língua portuguesa. O interessante é que o poeta raramente escrevia em português, usava nos seus escritos o castelhano.


Mesmo assim ele via a nossa língua deste modo:

“antes é branda pra deleitar, grave para engrandecer; antes para mover, doce para pronunciar. Para falar é engraçada, com um modo senhoril; para cantar é suave, com um certo sentimento que favorece a música; para pregar é substanciosa, com uma gravidade que autoriza as razões e as sentenças; pra escrever cartas nem tem infinita cópia que dane, nem brevidade estéril que a limite; para histórias nem é tão florida que se derrame, nem tão seca que busque o favor das alheias.

A pronunciação não obriga a ferir o céu da boca com aspereza, nem arrancar as palavras com veemência do gargalo. Escreve-se da maneira que se lê, e assim se fala. Tem de todas as línguas o melhor: a pronunciação da latina, a origem da grega, a familiaridade da castelhana, a brandura da francesa e a elegância da italiana.

E para que diga tudo, só um mal tem, é que, pelo pouco que lhe querem seus naturais, a trazem mais remendada que capa de pedinte”.

A propósito, o poeta morreu afogado nas águas do Tejo.


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