sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O SILÊNCIO



“A fala é a civilização em si.A palavra mesmo a maiscontraditória palavra, preservao contato – é o silêncio queisola.” ( Thomas Mann)


Não . Não é a canção “Il silenzio” saída do golden trumpet de Nini Rosso, nem tampouco de uma outra canção que diz: “silêncio no dia/ silêncio na noite / está tudo calmo /a cidade dorme , que me servirão de tema para esta crônica, falarei sobre o silêncio que me aflige e...


O silêncio que me aflige, eu diria, parafraseando William Hazlitt, é um que me ofende mais do que a minha impertinência. A impertinência é minha, o silêncio não.


A impertinência é fruto do meu desejo de conhecer as sensações de quem se faz silenciado. É querer saber se nesse silêncio não está em questão o precioso valor da palavra.


É o querer entender e aceitar o limite entre o Eu e o Outro, pois conforme explica o psicanalista Elcio Mascarenhas, nas relações que se estabelecem também e se deixam aparecer os distanciamentos e os vazios, os lugares onde as palavras faltam, a ausência do contato.


Nestes momentos percebidos quando todas as coisas se calam no mundo exterior e ainda não se apercebeu dos outros sons, quando algo se interrompe deixando em seu lugar um vazio contido na experiência de perda dos referenciais, é neste nada percebido que se toma como um ponto de mutação, um ponto precisamente marcado pelo silêncio nos campos do tempo e do espaço.


Também sou levada pelo dilema kafikiano e me perco sem saber ao certo se sou eu o silêncio do outro, se vivo num “mundo de imagens projetadas no espaço abstrato do pensamento” e o


Outro é apenas produto da minha imaginação. Simplesmente não existe.

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