sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SANTO AGOSTINHO E EU




“Senti e experimentei não ser para admirar

Que o pão, tão saboroso ao paladar saudável

Seja enjoativo ao paladar do enfermo, e que

A luz, amável aos olhos límpidos, seja

Odiosa aos olhos doentes.” (S. Agostinho)



Confesso, que Santo Agostinho e eu temos cá as nossas afinidades.


Gosto dele, está sempre disposto a conversar comigo, só que às vezes ele extrapola nos argumentos tentado me converter, ai eu digo: calma Agostinho, ainda não chegou a hora, mais “torto” do que eu você foi e hoje pousa de santidade; quem sabe, um dia, também vire “Santa Zélia” e a turma cá de baixo me faça promessas, boazinha como eu sou, atenderei a todos e nem precisa acender velas, é só bater um fio direto.


Outro dia a gente estava conversando sobre amizade, então ele me contou, sobre um amigo que perdeu no tempo em que ele não acreditava em Deus.


Disse-me ele que tinha um amigo e que a amizade entre os dois era sumamente doce, aquecida ao calor de idênticos propósitos.


Acontece que , o amigo, que também era ateu, apanhou uma febre e ficou entre a vida e a morte e como acreditavam que ele ia morrer , resolveram batizá-lo.


Mas o amigo não morreu. Agostinho falou pra ele, de forma injuriada, do batismo que ele foi submetido, mas o amigo reagiu e disse pra ele, que se quisesse continuar com a sua amizade, não censurasse o ato.


Ai aconteceu o pior, o amigo teve uma recaída e morreu. Agostinho estava ausente e quando tomou conhecimento sentiu tal dor, que entenebreceu o seu coração. Tudo que via era a morte.


A pátria virou exílio, a casa paterna, um estranho tormento. Confessa Agostinho, que tudo que falava, sem o amigo convertia-se em enorme martírio. E que seus olhos o procurava por toda parte.


Tudo lhe aborrecia. Interrogada a sua alma por que andava triste e se perturbava tanto, resposta nenhuma recebia. Enfim, mandaram-no “esperar em Deus”.


Mas, como obedecer a tal, pois o homem que perdera era mais verdadeiro e melhor que o fantasma em que lhe mandavam ter esperança.


Só o choro lhe era doce. Só ele sucedera ao seu amigo nas delicias da alma.

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