“ Tenho várias caras. Uma é quase bonita,
outra é quase feia. Sou o quê? Um
quase tudo” (Clarice Lispector)
Disse-me certa vez alguém muito e muito mais sabido do que eu, e que já não anda mais por este mundo, dele só resta a saudade e o “silêncio de portais”. E o amigo assim me falou: Zélia, a literatura de entretons, fuga , já era. Hoje o tutano tem se ser expulso, e me mandou à vida.
Não aprendi a lição e se me confesso não me desnudo, não consigo assumir por inteiro as características próprias da ficção feminina, confessional, e aparentemente narcisista.
Sei apenas que escrever é preciso. E sem fôlego para mergulhar fundo, de mim só sei dizer: do que fui, lembranças de sonhos contidos... do que sou, não consigo me encontrar. O ontem vivido é manifesto desejo de revivê-lo hoje, contrariando o crepúsculo em que mergulho sem mais tempo de dar vazão a esses contidos sonhos, que teimam em desconhecer as regras impostas pelo caminhar da vida. Já não me é permitido muita coisa; talvez, um... Reza minha senhora! Humildemente confesso, não sei fazê-lo, de há muito ando às turras com o Senhor lá de cima. Minha culpa, minha máxima culpa.
E neste “silêncio de portais”, busco palavras de outros, e as faço minhas ... Cais, às vezes, afundas
Em teu fosso de silêncio
Em teu abismo de orgulhosa cólera,
E mal consegues
Voltar, trazendo restos
Do que achaste
Pelas profunduras da tua existência
(O Poço –Pablo Neruda)
Um comentário:
Uam vez um velho bucanero disse:
" A poesia, a escrita,precisa do rebelde.Seja-o!!! (Rubens Lemos)
Assim,começando a limpar o espelho tudo fica mais claro,começamos a te ver melhor.
Parabéns pelo belo desabafo.
Postar um comentário