sexta-feira, 22 de junho de 2007

É UM ESPANTO





Inegavelmente, Sua Excelência, Luíz Inácio Lula da Silva e o seu governo são bem avaliados em qualquer pesquisa que se apresente e só alguns gatos pingados atrevem-se a levantar a voz, proclamando que nada funciona a contento “nestepaiZ”. Tal passividade por parte da grande maioria dos brasileiros cabe espanto, existe explicação? Há controvérsia, mas tem quem explique, que não é só pelos belos olhos do presidente da hora, é simplesmente porque “ a maioria da população, em situação de normalidade democrática, é assim mesmo: apática, abúlica e gosta de quem está no comando”(Reinaldo Azevedo).


Se assim é, assim será. Quem somos nós para tentar inverter a ordem dos fatores, mesmo porque não altera o produto. E, pensando em Policarpo Quaresma e em Dom Quixote, grandes otimistas, que acreditavam poder debelar os males sociais e sofrimentos humanos, aplicando a justiça da qual se arvoravam paladinos, não escapando o primeiro de levar boas sovas por querer proteger os fracos e o segundo de ser fuzilado por querer na sua bondade salvar os inocentes (criaturas criadas por Lima Barreto e Servantes).Como disse, por pensar nessas criaturas e no triste fim de cada um, é que vou mudar o rumo da prosa.


A propósito, tenho cá uma crônica do jornalista Otto Lara Resende, datada de 16/03/1992, escrita no pé da página 2 da Folha de S. Paulo, o título é “Cartinha de Amor Brasílico”, onde diz que o Brasil começou com uma carta, a tal que diz, “que em se plantando tudo dá”, escrita por Pero Vaz de Caminha a Sua Majestade d. Manuel,o Venturoso, figurando como nossa certidão de idade .Tudo nela é azul com bolinhas brancas, escreve o cronista e acrescenta: “a felicidade era tal que começou ai o ufanismo. Era o Eldorado, o paraíso terrestre. Canaã, onde corre leite e mel”. Na concepção do jornalista, além de puxa-saco, Pero Vaz deitou e rolou nos superlativos e caprichou na cartinha de amor. E foi na fila do correio de uma agência da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, que o jornalista lembrou-se da carta e aqui abro aspas para


as suas palavras: “O correio hoje tem mil atribuições. Recebe conta de luz e telefone, manda dinheiro, importa artigo estrangeiro. Vende até raspadinha. A fila atulhava a agência e coleava pela rua, imensa. Sabe quantos funcionários estavam na tal agência? Uma única funcionária! E trabalhando, coitada, daquela forma artesanal. Juro que se o Caminha previsse isso, tinha sido menos otimista”.


Ah, meu caro e saudoso jornalista, já imaginou se o Caminha tivesse previsto o que viria a dizer o compositor e escritor Chico Buarque de Holanda, por conta dos desmandos que assola o nosso país, “que tudo ia dá em merda” nem ao menos teria escrito a carta.


Zélia Maria Freire


Um comentário:

Anônimo disse...

Você sabe da minha história quanto questão politica.Mas ninguém mas do que eu sabe e senti tanta decepção.Um partido que eu tinha tudo para tentar por em prática o que meu pai que foi fundador ensinou.E o que fizeram?descartaram,humilharam e sacanearam(com licença da palavra).Pedi minha desfiliação com a mesma convicção que me filiei.Seu texto é duro nas palavras,mas não são mais cruas que a nossa terrivel realidade e desapontamento.Principalmente com o eixo local.
um beijo