terça-feira, 6 de novembro de 2007

REFLEXÕES DO MESTRE



Pelas barbas do profeta! Hoje está difícil arrumar um tema , a não ser que deite falação sobre um livro que me chegou às mãos, escrito por um escritor santista de nome Homar Paezkowski, que tem este título: Onorismos Ígneos, e começa assim: Em algum lugar, em alguma época situados no nunca. Lugar algum onde o além tangencia o eterno, a sombra do nada cobre coisa alguma, o vazio enche o infinito de tudo que o nada contém...

O linguajar do senhor Paezkowski é tão complicado quanto o seu nome, mas prometo, que num futuro que já passou; numa manhã que foi ontem; sentada com a calma dos aflitos, de pé eu não o lerei.

Já que achei o fio da meada e a largada está dada, lembrarei uma saudade minha que se chama Mário Moacyr Porto, de quem guardo estas reflexões:

Chegar é bom para os moços, porque para eles, os caminhos não terminam, mas se sucedem. Mas para os velhos, a quem a vida, bem ou mal, satisfez todas as aspirações, chegar é não ter mais para onde ir.

O lucro, a vantagem, a recompensa, é aspiração inerente à condição humana, até mesmo no plano transcendental. Suprima-se o céu das religiões que nenhuma delas sobrevive. O céu é a recompensa corrigida do sofrimento de viver.

O homem só é livre por uma única razão: pode morrer quando quiser.

Há pessoas que dão a César o suficiente para não se prejudicar e a Deus o bastante para não se perder. Dividem a alma e o corpo sem deixar restos. Dão a Deus o que é do diabo e ao diabo o que é de Deus.

Cada dia tem a sua quota de sofrimento. Não antecipe para hoje a angústia de amanhã. Não aprendi esta lição no consultório de um psicanalista, mas na Bíblia de Cristo, para quem o homem não é apenas uma transcendência divina, mas também o ingênuo parceiro de Eva que cedeu a tentação de provar a maçã. Um pecado venial de recém-nascido guloso. Na qualidade de ex-magistrado, acho que a expulsão do paraíso foi uma condenação exorbitante. Finalmente, não devemos ter vergonha de fazer o que Deus não teve constrangimento em criar.

Nada mais triste do que uma criança triste. Triste e injusto. Será que Spinoza tem razão quando afirma que Deus existe, mas não intervém ou se envolve com a sorte das criaturas que expulsou do paraíso?’

E agora, mestre, a respeito desta última reflexão, já que o senhor está aí por cima, não existe um jeitinho de dizer pra nós se o Spinoza tem, ou não tem razão?

Um comentário:

Anônimo disse...

Muitas vezes acho na minha pequenez,que precisamos da fuga para o alento no invisível,no que não se materializa aos olhos e inexplicavelmente sentimos consolo,para podermos sobreviver a tantas injustiças.Palavras desconexas ou textos não tão claros como o do"Mestre" são reflexos dos mais nítidos de que a mente humana se pertuba com ela mesma.
Fazer perguntas onde não virão respostas...ora! tolice a nossa...sofremos,vivemos e sobreviveremos...será???
beijo e belo texto.Gostei dele todo.