domingo, 12 de agosto de 2007

UNDE SALUS?








Eis-me aqui para iniciar minha queda de braço com a “Ùltima flor de Lácio" inculta e bela. Com esta antítese o Sr. Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac trata em versos a língua portuguesa.

Feito o preâmbulo, passo a matéria:


Se eu tivesse de enfrentar o microfone do karaokê e me fosse dado escolher entre a canção de Mercedes Sosa “Gracias à la Vida” e “Não dá pra ser feliz” de Gonzaguinha, eu ficaria com a última. E por que o faria? Explico: Quanto mais leio, mais as entrelinhas me angustiam e eu vejo chifre até em cabeça de cavalo. Aí aindignação vem à tona e haja exclamação para tudo .


Não dá pra ser feliz sabendo que milhões de brasileiros vivem abaixo da linha de pobreza absoluta; que quase tudo do que é arrecadado pelo governo federal destina-se ao pagamento dos juros da divida do país. Dói-me saber de pai de família desempregado; de jovens sem perspectivas. Por cada criança faminta e sem escola; por cada injustiça, cada dificuldade sofrida pelo próximo me vem à boca um: Deus nos acuda! E por que o faço?


Porque vivo num regime democrático, porque li que democracia significa a perfeita igualdade de oportunidade. E não apenas o rodízio de todos os fernandos, joãos, josés e lulas nos cargos públicos.


Porque li Will Durant destrinchando Platão, que diz: “Tal homem, tal Estado”. Ensina mais: “Os governos variam como variam os caracteres dos homens ; ... Os Estados são constituídos pela natureza humana que se encontra neles. O Estado é o que é porque seus cidadãos são o que são. Portanto, não adiante esperar Estados melhores até que tenhamos homens melhores. Até lá todas as modificações deixarão os pontos essenciais inalterados”.


Para compreender a ciência política, disse um mais sábio do que eu, que temos que compreender a psicologia. É a tal história... “Como são encantadoras as pessoas! –Sempre tratando, aumentando e complicando suas doenças, imaginando que ficarão curadas por algum elixir mágico que lhes aconselham... Mas vão de mal a pior... fazem experiências com a legislação e acreditam que, por meio de reformas terminarão com a desonestidade e canalhice da espécie humana –Sem perceberem que na realidade estão desferindo golpes nas cabeças de uma hidra.


Acho que é hora de lembrar do meu avô Bernardino e citar uma frase em latim que ele costumava dizer enquanto curtia os seus porres homéricos: “Unde salus” ? que trocado em miúdo significa: “Donde virá a salvação?”










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