terça-feira, 7 de agosto de 2007

OS CONSELHOS DE RILKE






Entre os anos 1903/1908, o então aprendiz de poeta Franz Xaver Kappus, mantinha correspondência com o já famoso Rainer Maria Rilke. Em suas cartas, Kappus colocava para a devida apreciação do poeta os versos que escrevia. Rilke, por ser alheio a qualquer intenção crítica, não os examinava por este prisma, pois acreditava, que para penetrar numa obra de arte, nada pior do que as palavras da crítica, que somente levam a mal-entendidos. Afirmando ainda que nem tudo se pode saber ou dizer, e quase tudo o que sucede é inexprimível e decorre num espaço que a palavra jamais alcançou.


Assim, em resposta as suas cartas, ao invés da crítica, recebia Kappus, conselho do poeta maior. Eis alguns deles: “procure como se fosse o primeiro homem a dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite, de início, os temas demasiado comuns: são mais difíceis. Fuja dos grandes assuntos e aproveite aqueles que o dia-a-dia lhe oferece. Fale das suas tristezas e dos seus desejos, dos pensamentos que o tocam, da sua fé na beleza. Diga tudo com sinceridade, calma e humildade. Utilize para se exprimir, os objetos que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos, as suas lembranças. Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador nada é pobre, não há lugares mesquinhos e indiferentes”.


A propósito, à mim não foi pedido crítica nem conselho, também não saberia como, mas li versos de alguém que não conheço, mas sei que existe e bastaria abrir a porta para encontrá-la. São de Yasmine, os versos que se seguem:


SENTINDO VONTADE DE CHORAR
APAGUEI A LUZ
ESQUECI DO TEMPO
FIZ UM JOGO DE SENTIMENTOS
TIPO XADREZ
XEQUE-MATE
PERCEBI QUE FUI ALCANÇADA
SILÊNCIO
NÃO CONSEGUI ME ENGANAR
PENSEI UM, DOIS, TRÊS
DAMA, VALETE E NEM UM REI
ENTÃO CHOREI


O que diria o poeta maior Rainer Maria Rilke , à jovem poeta Yasmine Lemos...? O mesmo que disse ao também jovem poeta Franz Xaver Kappus...? "O homem solitário pode desde já lançar as bases, construir o futuro com as suas mãos que se iludem menos. Por isso, ame a sua solidão, suporte as penas que dela vierem, e se essas penas lhe arracarem queixas, que sejam belas essas queixas" ( Rilke - Poeemas e Cartas a um Jovem Poeta)








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