Eis que é chegada a hora de sentar-me diante desta maquininha infernal e batucando suas teclas, tentar coordenar o palanfrório.
Enquanto os dedos não recebem os impulsos emitidos do cérebro (oco), estico o pescoço em direção da janela. Que paisagem insípida, cansativa este quadrado me oferece: telhados sujos – que não são de zinco – de tão difícil acesso que desestimula até a subida dos gatos no cio; fundos e mais fundos de casas de gente que não conheço.
Esta é a fonte de inspiração que me deparo neste moment
Ah! Se é pra sentir inveja, que seja dos zés brasil, os que fazem reverência com o chapéu na mão, olhar para o alto em busca de Deus, são os que vivem porque Deus quer; que morrem porque Deus quer; os que acreditam que, se a seca castiga é porque Deus quer; se chove é porque Deus quer; se comem ou passam fome é porque Deus quer.
Ainda não atingi esse estágio. E, nesse pensar vadio, só me resta sair por ai e fazer uma saudação mentirosa a um valentino qualquer, como fazia o mais inquieto e atormentado do que eu: Santo Agostinho, que em uma de suas andanças encontrou um pobre mendigo bêbado que ria e fazia arruaça. Sabia o Santo que a alegria do bêbado não era autêntica. Mas pôs em dúvida a alegria que ele procurava com as suas ambições e enredos tortuosos. Numa noite o bêbado digeria o vinho e sua bebedeira passaria; ele, Agostinho, ao contrário, iria dormir e acordar com o mesmo tormento, hoje, amanhã, quem sabe até quando...
O que me anima é que o Agostinho chegou lá...
Um comentário:
Oi Zélia, há tempo que não passo por aqui, né? Acho que andei de porre nesse entra e sai de dias enfadonhos. Não uso chapéu, mas é como se usasse, pois emborco os olhos além dos detalhos sujos esperando que caia do céu algum trocado de piedade...
Saudades de você e de Natal.
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