terça-feira, 11 de dezembro de 2007

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI SOBRE RUBENS LEMOS

NOSSO HOMEM COMUNISTA






Esta crônica foi publicada no dia 18 de março de 1990, no jornal “Tribuna Tribuna do Norte (Natal RN) republicada, agora, neste blog, para que fique constando nos “anais do Google” um pouco de RUBENS LEMOS, “ O NOSSO HOMEM COMUNISTA”.

Lá se foi o “Cavaleiro da Esperança”... De repente a gente acorda e descobre que neste Brasil surpreendente, já se pode homenagear, elogiar, enaltecer e tornar herói um comunista, nem que seja depois de morto.

Sei não... mas considero um ato sem sentido essa coisa de homenagem póstuma, por conseguinte, já que temos aqui na terrinha o nosso homem comunista vivinho bulindo, a quem preciso prestar minha solidariedade, por seu espírito indomável e a sua capacidade de viver, sofrer e morrer por um ideal, aproveito o ensejo e faço a ele a apologia que se segue:

E eu que pensava que só cabia dentro de casa, noite dessas sai, conheci pessoas das quais muito já havia ouvido falar. Apresentações informais, roda feita, conversa,( no que aliás não sou muita afeita dizem até que gaguejo, razão provável da minha falta de expressão) e diante de mim pessoas. Para espanto meu, eram normais! Apesar de comunistas. Fixei primeiro a figura do homem, talvez, quem sabe... a procura de indícios que me levassem a constatar o que em criança me foi ensinado: eles os comunistas eram dados à prática canibalesca, devoravam criancinhas. Por mais inculcada que me tivesse sido tão malfadada idéia, desmoronou-se diante da figura bonachona, sociável, inteligente, culta e destituída de mágoas cabíveis pelo muito que sofreu o homem comunista. Quis saber mais sobre ele, não ouvi revanchismo, auto-piedade e para deleite meu, ouvi atenta o homem comunista, com a sua voz de narrador bem treinado, dizer poemas de amor feitos no exílio para a mulher amada. E, acreditem, ele ainda saber sorrir, apesar de, com esse gesto mostrar a ignomínia dos seus torturadores. E aquele sorriso que em outra boca seria feio, torna-se na boca do homem comunista a expressão comovente de um ser largo, que por sabe pensar viu-se execrado, arrebatado do seio da família e submetido as mais ultrajantes torturas, sem contudo, perder a dignidade nem a postura .

E a mulher que não era comunista e sim, a mulher do homem comunista? Para ela sobraram os sofrimentos que por terem sido tantos e tão fortes lhes deixaram as marcas do medo em cada esquina.

Minhas homenagens portanto, a você Isolda. A você Rubens Lemos, o nosso homem comunista que...







QUANDO HOUVE O TEMPO DE FALAR
SEM PALANQUE
SEM MANDATO
SEM IMUNIDADE
VOCÊ FALOU
QUANDO HOUVE O TEMPO DE CALAR
SEM MEDO VOCÊ GRITOU
QUANDO HOUVE O TEMPO DE PARTIR
VOCÊ PARTIU
QUANDO HOUVE O TEMPO DE VOLTAR
VOCÊ VOLTOU
QUANDO HOUVE O TEMPO DE SOFRER
PRISÕES
TORTURAS
HUMILHAÇÕES
VOCÊ SOFREU
QUANDO HOUVE O TEMPO DA LIBERDADE
A LIBERDADE FOI DADA
MAS NÃO O DIREITO DE COBRANÇA

SÓ ESPERO QUE A SUA VERDADE NÃO O SUFOQUE, MEU CAMARADA...


2 comentários:

Anônimo disse...

Um HOMEM de verdade.
Um HOMEM ,não um hOmEn
Meu amor eterno.
Amor,só amor puro.
Meu pai.

Anônimo disse...

Zélia,

cheguei ao seu blog através do seu comentário no blog do Reinaldo. Li o primeiro texto do seu blog e vou ler mais ainda. Voce faz uma pergunta no seu comentário no blog do Reinaldo. Bem, acho que voce não deveria esperar respostas. A razão é que o Azevedo costuma censurar comentários de pessoas que expressam idéias críticas com relação ao que ele escreve, mesmo que esses comentários sejam escritos em tom educado. Às vezes ele deixa passar alguns comentários, especialmente se forem contra comentários de outros leitores do blog dele, mas é bem mais difícil ele deixar passar comnetários que ponham em causa o que ele escreve. Em blogs mantidos por jornais europeus não há censura e quem escreve se arrisca a sofrer críticas. O Reinaldo é muito sensível a críticas e falta honestidade para admitir isso abertamente. A razão é que o que ele escreve é muito fraco.