domingo, 7 de outubro de 2007

VERDADE DESBOTADA

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"Não posso pintar flores coloridas como os impressionistas porque a psicologia do mundo, hoje é sombria". (Iberê Camargo -artista plástico)

Pessimismo, talvez... Lucidez, quem sabe... Seja lá o que for, o certo é que, infelizmente, compartilho do pensamento do artista.

Por mais que eu queira colorir com palavras otimistas o presente e o que está por vir, salta aos meus olhos uma verdade desbotada incapaz de motivar uma visão positiva do que me cerca. A falta de perspectiva é o escuro de tudo.

Aqui neste meu mundo particular, as cores andam tão anêmicas, tão fuscas, que estão a empanar a minha visão. Estou vivendo um momento atroz onde não enxergo Aquele à quem depositar minhas esperanças. Os que me cercam falam palavras que, não meu parco entender, não dizem neres de neres. São palavras, nada mais do que palavras que perderam o sentido, cairam no lugar-comum das palavras vãs.

Enquanto isto pululam além muro os tais pintores de vanguarda que, no afã de tornar chamativas suas pinturas, andam misturando cores, talvez partindo do pressuposto de que críticos já não o temos e sim, promotores de produtos, e pelo jeito estão pondo fé na exposição, esperando ter a aceitação imaginada. Comportam-se como os divisionistas, acreditando ser imprescidível manter uma relação exata entre as cores complementares a um tom vermelho, correspondendo outro verde, existindo entre eles uma seção de suporte. ( A justaposição das complementares dá o aspecto da "pintura de confete". E, dai, no meio deles, quem sabe...,talvez acreditem no surjimento de um novo Seurat.

E diante do lusco-fusco, fico pensando naquele que libertou a cor, o paradoxal Vincent van Gog, que disse: "Eu não quero pintar quadros, quero pintar a vida". E, embora dissesse, que encontrava dentro dele uma harmonia e uma musicalidade calma e pura, no início de sua carreira os quadros que pintava eram pesados e escuros, pois transmitiam a realidade que o pintor via, e esta era sombria e cinzenta.

Por isto, e por muito mais quando me prometem o céu, a lua e as estrelas eu olho pra cima e se o que vislumbro um céu sombrio, cinzento desconfio do presente, embora quem me prometa se apresente harmônico, musical, calmo e puro.

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