domingo, 21 de outubro de 2007

EU E O MEU FILOSÓFICO NARIZ




“Quando uma cabeça e um livro têm
uma colisão e um deles soa oco, será
que é sempre o livro?”(Lichtenbergo)





Os sábios em todas as épocas disseram sempre as mesmas coisas; os tolos em todos os tempos comportam-se como tais e assim continuará para sempre, pois como diz Voltaire, deixaremos o mundo tão tolo e mau como nós o encontramos


Só me basta um nada fazer para cultivar o pessimismo. E hoje é domingo... Um lazer vazio e a melancolia do tédio toma conta de mim. Sinto-me só.


Bem, se amanheci de mal com a vida levantarei o meu filosófico nariz contra ela e me ponho a indagar:


O que é a vida? Sou uma coisa pensante e como tal duvido, concebo, afirmo, nego, imagino, sinto, quero, não quero, que pouco sei e ignoro muito mais e nesta condição vejo-me impelida a questionar a dita e o julgamento que se pode fazer dela. Quando isto acontece, no afã de desvendar mistérios mergulho fundo e busco os Pensadores. Mas logo me vejo enleada em tantas dúvidas que me parece não haver obtido outro proveito procurando instruir-me, senão o de ter descoberto cada vez a minha ignorância. E o que fica em mim é que a vida não é um problema para ser resolvido, é um mistério para ser vivido


Diz o meu conselheiro de plantão, Will Durant, que talvez o nosso enjôo desdenhoso do mundo seja um disfarce para o enjôo secreto de nós mesmos: estropiamos e estragamos nossas vidas e jogamos sobreo ambiente ou sobre o mundo, que não têm condições de se defenderem. O homem maduro aceita as limitações naturais da vida, não espera que a Providência seja parcial a seu favor, não pede dados falsificados para participar do jogo da vida.Sabe, como afirma Carlyle, que não faz sentido recriminar o sol porque não acende os nossos cigarros, mas talvez se fossemos inteligentes para o auxiliar ele fizesse até isso. E este vasto cosmos neutro poderia ser um lugar bastante agradável se contribuíssemos com um pouco de nós mesmos para o ajudar. Na verdade o mundo não está nem conosco nem contra nós. Ele não é senão matéria-prima em nossas mãos, pode ser céu ou inferno, conforme o quisermos.


É, pode ser...


Contraditória, eu? Mas quem não é?





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